Como empresas canadenses e brasileiras vêm buscando a gestão da inovação voltada à sustentabilidade e a diversidade
O conceito de inovação precisa se distanciar de vícios e ser repensado. O primeiro deles é limitar ganhos de inovação à implantação de novas tecnologias. Outro é pensar as iniciativas dissociadas das questões de sustentabilidade e diversidade. A intersecção entre as áreas é o caminho que vem se desenhando como mais promissor para a longevidade dos negócios e a transformação da sociedade, segundo a experiência de especialistas e executivos brasileiros e canadenses, reunidos pela Câmara de Comércio Brasil Canadá (CCBC), para discutir o tema durante a 2ª edição do Summit Brasil-Canadá.
“Não há mais espaço para criar de maneira exploratória, sem a preocupação com o meio ambiente, nos dias de hoje. A inovação dever ser colaborativa, com as pessoas no centro das iniciativas, um ambiente seguro para receber ideias, além de uma liderança inspiradora”, ressaltou Roberta Demange, sócia do escritório Pinheiro Neto, na abertura do Summit.
Na opinião dos especialistas, é preciso, antes de tudo, ter um olhar crítico sobre “o que” e “como” estamos fazendo. Para a professora, advogada e pós-doutora em administração de negócios Denise Delboni, isso significa encarar os entraves que colocam o Brasil na 49ª posição entre os países mais inovadores do mundo. “Muitas ideias são desperdiçadas pelo caminho por questões burocráticas”, afirmou, referindo-se aos problemas relacionados ao registro de patentes no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI).
Na visão de Delboni, a inovação deve estar na agenda prioritária das empresas e do governo. “A inovação é um processo social. Então, é preciso colocar juntas as pessoas de diversos setores capazes de transformar ideias em realidade”, destacou. Essa mentalidade se aplica, por exemplo, à quebra de conceitos como o de conflito de gerações. “A gente não pode generalizar as pessoas como se todos de uma mesma época pensassem e agissem igual, separando-as em guetos. Precisamos parar com esse discurso de segregação”, disse. “Para inovar é preciso ter troca, que pode ser fomentada colocando indivíduos diferentes para colaborarem em grupos juntos. Isso impacta em processos diferentes, ideias mais baratas, parcerias que não tinham sido pensadas antes”, explicou.
A Faber Castell é uma das empresas que tem trabalhado a diversidade nesse campo. Segundo a diretora de Novos Negócios e Inovação na Faber Castell Brasil, Bruna Tedesco, pensar inovação é uma questão de sobrevivência, para quem, aos 263 anos, ainda se mantém com a imagem de uma companhia “querida” por todos. Além do engajamento e apoio da liderança, a executiva enfatizou que diversidade enriquece o processo criativo. “É extremamente importante ter um time diverso, que tenha liberdade para falar e propor coisas diferentes.”
A opinião é compartilhada pelo gerente de Testes e Simulações da CNH Industrial, Bruno Lucena, que vê isso como um processo contínuo de aprendizado. “É importante identificar, dentro das companhias, pessoas que estão dispostas a aprender e a contribuir com esse processo”, destacou.
Trocas entre os países
As conexões entre as experiências diferentes entre as empresas brasileiras e canadenses para fomentar processos de inovação também vêm trazendo resultados expressivos, como tem ocorrido na Klabin.
“O Canadá tem uma indústria muito tradicional no segmento de papel e celulose e os nossos setores têm muito o que dividir”, disse Renata Freesz, head de Projetos e Inovação da Klabin, ao citar a existência de um projeto com a Universidade de Toronto centrado em químicos. Na visão dela, essa troca tem sido de extrema importância, já que no Brasil não existe uma relação tão forte entre empresas e academia.
Outras instituições acadêmicas, como a Universidade de Montreal, também compartilharam suas experiências. Margarida Carvalho, professora associada no Departamento de Computadores e Investigação Operacional da universidade, apresentou cases de inovação nas áreas de educação, saúde e sustentabilidade, demonstrando como o uso de inteligência artificial e modelos matemáticos ajudaram a resolver desafios concretos. Entre exemplos, destacam-se a otimização da alocação de alunos nas escolas do Canadá frente à limitação de vagas, a redução de emissões de CO2 na província de Quebec com o aumento da infraestrutura para carros elétricos, e a priorização de pacientes renais em tratamentos e transplantes.
“A inovação é de extrema importância para a tomada de decisão. Em todos esses projetos, houve uma valorização, tratamento e exploração de dados já existentes para a definição de decisões acertadas e responsáveis”, destacou.
A 2ª edição do Summit Brasil-Canadá aconteceu no auditório do Pinheiro Neto Advogados e contou com a participação de mais de 200 pessoas presencialmente e virtualmente.
Sobre a Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC):
A Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC) é uma organização independente, mantida pelo setor privado e sem fins lucrativos, fundada em 1973. Há 50 anos, a CCBC aproxima pessoas, empresas, instituições públicas e privadas de vários setores nos dois países. Com escritórios no Brasil e no Canadá, a instituição atua na construção de conexões para alavancar negócios, investimentos, estimular a inovação, o intercâmbio tecnológico e cultural bilateral.
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