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Como e a que horas pegar sol para sintetizar vitamina D no verão?

Como e a que horas pegar sol para sintetizar vitamina D no verão?

Médicas explicam como equilibrar a necessidade de exposição à luz solar para a manutenção de bons níveis do hormônio com a exigência de proteção para prevenção de câncer de pele

No verão, com os dias mais longos e mais quentes, a exposição ao sol fica maior, o que traz mais riscos para a pele. Apesar de a alta exposição aumentar o risco de câncer de pele, o sol também é responsável por sintetizar vitamina D no organismo, o que fundamental para a saúde óssea e muscular através da absorção e retenção de cálcio no organismo, além de outras funções secundárias.

  • Mas como equilibrar a necessidade de sol para a manutenção de bons níveis de vitamina D, que na verdade é um hormônio, com a exigência de proteção?
  • Qual é a melhor forma e horário para tomar sol no verão sem colocar a pele em risco, mas dando um reforço no hormônio, tão importante para a imunidade?
  • E é necessário suplementá-la mesmo em uma época e região em que não falta sol?

Para responder a essas perguntas, teremos a ajuda de duas especialistas: a médica endocrinologista Lorena Lima Amato e a médica dermatologista Andrea Volta Brotas. Lembrando que fazer esportes ao ar livre no verão brasileiro, sempre com a devida proteção solar, é uma ótima maneira de manter a vitamina D em ótimos níveis.

Melhor horário

O melhor horário para a produção de vitamina D é o pior horário em relação a outros problemas relacionados com a alta exposição ao sol: entre as 10h e as 16h. A boa notícia é que 15 a 20 minutos diários são suficientes.

– O melhor horário para ativação e formação da vitamina D pelos queratinócitos da epiderme é o de maior risco para pele: isto é, entre 10 e 16 horas, período em que a maior incidência da radiação ultravioleta está presente, em especial a UVB, o que aumenta o risco de câncer de pele – aponta a dermatologista.

Diante do conflito, é importante saber ponderar os benefícios, de um lado, e os riscos e malefícios, de outro. Além disto, proteger a pele nos momentos de exposição é indispensável. É verdade que o excesso de proteção solar prejudica a síntese da substância, mas ela ainda assim acontece, em níveis menores. E, com isso, o hormônio é produzido sem que se aumente o risco de câncer de pele.

– Você deve se expor, mas sempre com proteção (uso de filtro solar). Dependendo do fototipo de pele, isto é, da cor da pele da pessoa, ela tem um grande risco caso fique se expondo com frequência, mas para a produção da vitamina D, esta exposição tem que ser diária. Então, realmente, tem que se ponderar o risco e o benefício e seguir o aconselhamento de usar protetor solar sempre. Apesar de diminuir a produção da vitamina D, o protetor solar é essencial quando você vai se expor ao sol – completa Lorena.

Como deve ser a exposição ao sol para a produção de vitamina D?

  • Regular, praticamente diária;
  • Pelo menos 15 minutos ao dia;
  • Braços e pernas expostos ao sol;
  • Utilização obrigatória de protetor solar.

 

Usar protetor solar previne o câncer de pele — Foto: Getty Images

Usar protetor solar previne o câncer de pele — Foto: Getty Images

Intoxicação por excesso de vitamina D

As médicas destacam que não existe a possibilidade de intoxicação com a vitamina D devido a altos níveis apenas através da exposição do sol, ainda que a superexposição solar possa causar outros problemas de saúde. Entretanto, uma suplementação feita de maneira inadequada pode sim causar intoxicação, gerando problemas nos rins e no sistema digestivo. O recomendado é sempre fazê-la com o acompanhamento de um médico.

– A superexposição ao sol em prol da Vitamina D pode trazer prejuízos à pele, como o surgimento de câncer de pele. A complementação de Vitamina D oral em excesso não é recomendada. Faz-se necessário o acompanhamento do profissional médico para indicação adequada em caso de deficiência – diz Andrea.

– Você pode ter outros problemas como insolação, queimaduras e câncer de pele. Mas os níveis para intoxicação são bem altos e o próprio organismo se protege. Quanto mais a gente se expõe ao sol, mais o corpo produz melanina e a própria melanina bloqueia essa produção. Vitamina D em excesso, sim, faz mal. Mas não vai ser através da exposição, e sim pela suplementação em excesso, se você usar altas doses diárias. Isto pode levar a hipercalcemia e a todas as consequências do excesso de cálcio no sangue, como constipação e pedras nos rins. – Lorena conclui.

Suplementação mal feita de vitamina D pode causar problemas intestinais — Foto: Istock Getty Images

Suplementação mal feita de vitamina D pode causar problemas intestinais — Foto: Istock Getty Images

Suplementação

Com a vasta possibilidade de exposição solar proporcionada pelo verão brasileiro, os índices de vitamina D de boa parte da nossa população são satisfatórios sem exigir cuidados dedicados a isso. Entretanto, caso o indivíduo não tenha a devida exposição ao sol, é preciso avaliar os níveis do nutriente e suplementar, caso sejam deficitários.

– Em um país tropical como o Brasil, onde o sol está presente em um espaço longo do dia, não se faz necessária a suplementação de vitamina D, exceto nos casos de pacientes que não se expõem ao sol e possuem deficiência comprovada da vitamina D – Andrea explica.

Os hábitos de vida, portanto, são decisivos na necessidade ou não de suplementação. E mesmo quem não passa muito tempo ao ar livre pode resolver esse problema, basta que entre sol por alguma janela do apartamento, da casa ou do escritório. Colocar uma cadeira em frente à janela e expor braços e pernas por 20 minutos já faz toda a diferença.

– A gente acaba vendo uma deficiência de vitamina D na nossa população porque trabalhamos em escritórios fechados, usamos meios de transporte que não permitem a exposição ao sol e, quando estamos expostos, usamos roupas com proteção UVA justamente para prevenir o câncer de pele. Então, muitas vezes nós vemos situações de deficiência de vitamina D, em que ela tem que ser suplementada. Se não há certeza sobre a exposição adequada e há fatores de risco para uma saúde óssea ou muscular prejudicada, o ideal é que ela seja dosada e, caso esteja insuficiente, reposta através da suplementação – completa Lorena.

Fontes:
Lorena Lima Amato é médica endocrinologista formada pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e com residências em Clínica Médica (UNIFESP) e Endocrinologia (HC/USP). Possui Título de Especialista em Endocrinologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM) e em Endocrinopediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Atuou como médica endocrinologista da Força Aérea Brasileira de 2014 a 2018. Atualmente, é professora de Medicina da Universidade Nove de Julho (Uninove), médica endocrinologista do Amato – Instituto de Medicina Avança e membro da SBEM e da Endocrino Society.
Andrea Volta Brotas é médica dermatologista graduada em Medicina pela Fundação Técnico-Educacional Souza Marques e pós-graduada em Dermatologia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Possui título de especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Atuou como médica dermatologista no Hospital Central do Exército de 2002 a 2009. Desde 2004, atende em consultório próprio.