Comercialização de alimentos à base de cânhamo cresce com procura por novas proteínas
Segundo estimativa da Technavio, até 2024,o mercado global de alimentos à base de cânhamo deve atingir um valor de R$2 bilhões, com uma taxa de crescimento anual composto de 12%.“O mercado de alimentos à base de cânhamo está fragmentado e o grau de fragmentação irá acelerar durante o período de previsão”, informa em relatório publicado neste mês de outubro, divulgado pelo portal vegazeta.
Além disso, o relatório inclui que o cânhamo está ganhando uso mais diversificado na indústria alimentícia com o aumento da demanda por proteínas alternativas. O interesse do público por novas opções de alimentos à base de vegetais são apontados como fatores de impulsão para o mercado. Vale ressaltar, que a semente de cânhamo é um ingrediente de longa vida, algo que favorece o desenvolvimento de produtos, sem a necessidade de adição de conservantes ou outros produtos químicos.
Uma pesquisa da Persistence Market Research alegou, em junho, que o leite de cânhamo, por exemplo, é uma das alternativas para quem busca bebidas não lácteas, orgânicas e nutritivas, na América do Norte e em algumas partes da Europa. Por ser rico em vitamina A, cálcio, vitamina D, vitamina B12, ferro, fósforo, zinco e ácidos graxos (ômega-3, 6 e 7), o leite de cânhamo tem grandes chances de pode se popularizar mais no mercado de leites vegetais.
Marcas como Hemp Love, fundada em 2019, nos EUA, pela empreendedora Nancy Keye, oferece chocolates veganos com cânhamo. Uma das alternativas não lácteas, visando produzir um chocolate com os benefícios citados acima. Segundo Nancy, a recepção dos consumidores a deixa extremamente satisfeita, pois é o interesse dessas pessoas que permite, a cada dia, que a marca californiana renove a concepção dos sabores, mesmo com uma história ainda recente.
Vale ressaltar, que em 2020, a Greenfern Industries, Sustainable Foods e Riddet Institute firmaram uma parceria na Nova Zelândia, para a produção de carne vegetal a partir de cânhamo, que está com sua produção em expansão no país. O foco não é apenas na Nova Zelândia, pois o intuito também é de fornecer ingredientes para fabricantes de alimentos, já que os produtos serão voltados à exportação.
A Hempoint, da República Tcheca, e a Sustainable Agricultural Technologies (Roots), de Israel, também pretendem produzir carne de cânhamo, e já pensam em produção em grande escala para o mercado europeu – a exemplo da Craft Meat, da Nova Zelândia. O desejo pela parceria surgiu após o resultado de um anseio mútuo em utilizar o cânhamo no desenvolvimento de melhores alternativas à carne, já que suas sementes oferecem uma proteína vegetal de alta qualidade. Entre os outros benefícios citados, estão: baixo teor de gordura, rica em aminoácidos essenciais, potencial para contribuir na regulação do sistema nervoso, ampliar a função cerebral e ajudar a acelerar a reparação de células musculares.
Uma alternativa que também está conquistando consumidores, nos EUA, que não consomem soja e buscam novas fontes de proteínas de origem vegetal é o “hempfu”, um “tofu” à base de sementes de cânhamo e pode ser utilizado nos mais diferentes preparos. Além disso, o interesse por cânhamo tem feito produtores migrarem de ramo, como, por exemplo, o produtor rural do estado da Virgínia Ocidental, nos EUA, Mike Weaver, que trocou a criação de frangos pelo cânhamo.
O produtor rural começou a transição em 2016, quando passou a considerar “desumana” a criação de frangos para consumo. Em um vídeo promocional do projeto “Transfarmation”, da Mercy for Animals, que visa motivar pecuaristas a abandonarem esse mercado, ele conta que mantinha até 45 mil aves em apenas um galpão, que agora é utilizado para o cultivo de cânhamo. “Decidi converter a criação de frangos de corte para a criação de cânhamo industrial nesses galpões”, afirma Weaver, através do portal Vegazeta.