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Com “carne” de fibra de caju, foodtech Amazonika Mundi mostra potencial dos ingredientes da Amazônia

Com “carne” de fibra de caju, foodtech Amazonika Mundi mostra potencial dos ingredientes da Amazônia

Podcast Vida Sem Carne conversa com Thiago Rosolem, CEO e cofundador da startup que produz hambúrguer, almôndega e até bolinho com gosto de siri. Tudo 100% vegetal

“Podemos começar a entrevista dentro de 30 minutos?”, perguntou Thiago por mensagem, explicando que estava em Londres terminando uma reunião e que iria se atrasar. No novo horário acordado, nos conectamos para a gravação do podcast. Não poderia deixar de indagar ao empreendedor carioca o motivo da viagem à Europa.

Animado, ele contou que estava em uma missão junto com outras startups brasileiras, principalmente do agronegócio, à convite de um programa de inovação do Ministério das Relações Exteriores (MRE/Itamaraty) em parceria com Embrapa, que busca conectar novos negócios brasileiros ao ecossistema estrangeiro.

O Reino Unido era o terceiro destino de uma viagem que incluiu rodadas de apresentação e muito networking na Suécia e Holanda. Na cidade holandesa de Wageningen, a foodtech participou do evento F&A Next 2022, sobre o futuro da alimentação e agricultura.

Segundo o CEO da Amazonika Mundi, a plateia formada por especialistas, pesquisadores e potenciais investidores ficou impressionada. “Não só pelo sabor dos produtos, mas por usarmos um resíduo da indústria como matéria-prima e por termos controle e transparência sobre a origem dos nossos ingredientes”, explicou.

Você já experimentou carne de fibra de caju? Pois esse é o carro-chefe da startup, uma solução saborosíssima (experimentada e aprovada pela reportagem) que reaproveita um resíduo do processamento do suco que geralmente é ignorado pela indústria. Pois é, apesar da popularidade da castanha e da polpa da fruta, o Brasil descarta mais de 380 mil toneladas de fibra de caju a cada ano.

O insight para usar o bagaço em soluções inovadoras no portfólio de alimentos — que inclui ainda quitutes mais ‘tradicionais’ do universo vegano como burger de quinoa e bolinhos de falafel (feitos com grão-de-bico) — veio ao ouvir a clássica canção Tropicana, na qual o músico Alceu Valença salienta um uso pouco conhecido do fruto fora do arco norte e nordeste. “Pele macia, é carne de caju”, diz o verso que originou a ideia.

Em parceria de pesquisa com a Embrapa, a startup desenvolveu novos produtos, como hambúrguer, almôndega e o siriju, um bolinho que lembra o gosto de siri. Tudo 100% vegetal combinando fibra de caju com outros ingredientes da Amazônia. Nas receitas, entram o tucupi preto (chamado de shoyu indígena), pimenta indígena assîsî, extrato de assaí, feijão-manteiguinha de Santarém, urucum, farinha d’água de bragança, e óleos das plantas nativas sacha inchi e patautá.

Todos esses ingredientes criam combinações originais que valorizam a biodiversidade brasileira, gerando impacto socioambiental positivo. A Amazonika é membro da iniciativa Origens Brasil, que visa dar mais transparência às cadeias de produtos da floresta, assegurando sua origem e relações comerciais justas com as comunidades locais que trabalham com recursos amazônicos.

Quer conhecer mais sobre a startup e o potencial do mercado de proteínas vegetais? Confira no podcast Vida Sem Carne, disponível em Um Só Planeta e no Spotfy. Para quem ficou com água na boca, é só conferir no site da startup a lista de mercados onde é possível encontrar o produto ou no Instagram, que traz dicas de endereços gastronômicos que inovam no menu com os quitutes da Amazonika.

*A gravação deste podcast aconteceu na sexta-feira, 20/05.