Anchor Deezer Spotify

Coleta seletiva de lixo ainda é mínima na maioria das cidades brasileiras

Coleta seletiva de lixo ainda é mínima na maioria das cidades brasileiras

O problema afeta o meio ambiente e impede a criação de empregos na indústria da reciclagem.

Na maioria das cidades brasileiras, um problema tem prejudicado o meio ambiente e impedido a criação de empregos na indústria da reciclagem: a coleta seletiva de lixo ainda é mínima.

Papel, plástico, garrafa pet. Tudo que pode ser reciclado Vera Aparecida separa do lixo comum e evita que o material vá para o aterro sanitário. O problema é que no bairro onde ela mora, em Belo Horizonte, não tem coleta seletiva.

“Não tem onde deixar, não tem espaço para ficar juntando. Então seria muito melhor se tivesse, com certeza”, diz a dona de casa.

Hoje, dos mais de 82 milhões de toneladas de lixo produzidos no Brasil por ano, só pouco mais de 2% são reciclados.

A reciclagem é um dos pontos prioritários do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que foi regulamentado no Brasil em abril, depois de 12 anos de espera.

A meta do plano de resíduos sólidos é que, já em 2024, 14% de todo o lixo produzido no país sejam reciclados e que, em 2040, o índice chegue a quase metade de todos os resíduos produzidos. Um dos grandes desafios para se atingir essas metas é a desigualdade da coleta seletiva Brasil afora.

Dos mais de 480 bairros de Belo Horizonte, só 82 recebem o caminhão da coleta seletiva. Problema semelhante ao de Maceió, onde menos da metade dos bairros é coberta pelo serviço. No Recife e no Rio de Janeiro, a coleta de recicláveis atinge 60% da cidade. E em Florianópolis e Campo Grande, por exemplo, todos os moradores têm acesso à coleta seletiva.

“Em muitos casos falta vontade política, falta que as políticas de reciclagem se tornem política de estado. Então, isso é viável no Brasil, mas resta um pacto social, uma vontade política e uma vontade de quem toma as decisões econômicas de que isso aconteça na realidade, no dia a dia, em grande escala”, diz Armindo Teodósio, professor de Sustentabilidade e Políticas Públicas da PUC Minas.

Em uma cooperativa em Belo Horizonte que emprega 50 pessoas, apenas parte do material chega por meio da coleta seletiva da prefeitura. O restante vem no carrinho de catadores. A diretora diz que se mais bairros contassem com o serviço público, mais gente poderia estar trabalhando.

“A cidade precisa acordar um pouco porque uma das alternativas tanto para o meio ambiente quanto como oportunidade de geração de trabalho e renda seria a reciclagem. Muitas pessoas que estão aí, muitas vezes morando na rua, sem nenhuma oportunidade de trabalho, elas poderiam estar nos galpões de reciclagem fazendo esse trabalho”, diz Ivaneide Souza, diretora financeira da cooperativa.

Antes de trabalhar na cooperativa, Gleiciane Oliveira Jardim não sabia da importância de separar o lixo. Agora, isso faz parte também da rotina dela em casa.

“A gente separa o leite, o pet, a sacolinha, os alumínios, os papelões e outros materiais também. É desse material que me ajuda em casa para comprar o leite das crianças e as coisas que elas precisam. Então daqui que vem o meu sustento”, diz a catadora.