Cobras evoluíram de sobreviventes de asteroide que matou dinossauros
Répteis rastejantes modernos descendem de animais que viviam no subsolo e resistiram ao desastre que causou uma extinção em massa na Terra há 66 milhões de anos
As mais de 4 mil espécies de cobras que existem hoje em dia se diversificaram a partir de alguns animais que sobreviveram ao impacto do asteroide que extinguiu os dinossauros há 66 milhões de anos. É o que conclui um estudo publicado nesta terça-feira (14) na revista científica Nature Communications.
A descoberta foi realizada por um grupo de cientistas com fósseis de cobras e análise genética. A equipe é formada por especialistas de instituições como a Universidade de Bath e a Universidade de Cambridge, na Inglaterra.
Os autores acreditam que algumas cobras sobreviveram, pois se adaptaram aos efeitos do impacto do asteroide no final do Cretáceo. Sua sobrevivência foi possível, pois essas criaturas se abrigavam no subsolo e conseguiam passar longos períodos sem comer.
Além disso, o asteroide aniquilou seus concorrentes na cadeia alimentar, como outras cobras do Cretáceo e os próprios dinossauros. Isso deu vantagem a algumas espécies, que evoluíram em novos ecossistemas sem seus rivais e mudaram para novos habitats.
“Nossa pesquisa sugere que a extinção agiu como uma forma de ‘destruição criativa’ – a eliminação de espécies antigas permitiu que as sobreviventes explorassem lacunas no ecossistema, experimentando novos estilos de vida e habitats”, explica Nick Longrich, primeiro autor da pesquisa, em comunicado.
Ao analisarem fósseis, os cientistas notaram que mudanças no formato das vértebras das cobras eram resultantes do grande evento de extinção e do surgimento de novos grupos, como de cobras marinhas de até 10 metros de comprimento.
A diversificação resultou em víboras (Viperidae), cobras-garter (Thamnophis), pítons (Python) e jibóias (Boa constrictor). E, após o asteroide, as cobras se espalharam pela primeira vez para a Ásia, embora um ancestral em comum das mais modernas viva em alguma região do hemisfério sul.
Por outro lado, outro evento de diversificação também pode ter afetado esse processo evolutivo, conforme começavam “idades do gelo” na Terra, de acordo com o estudo. Na ocasião, o clima quente de “estufa” do nosso planeta foi substituído pela formação de calotas polares.