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Cientistas desenvolvem “mini spa médico” para proteger sapos ameaçados por fungo mortal

Cientistas desenvolvem “mini spa médico” para proteger sapos ameaçados por fungo mortal

Um dos principais inimigos dos anfíbios é o fungo Bd (Batrachochytrium dendrobatidis), também conhecido como quitrídio. Ele causa a quitridiomicose panzoótica, doença que ataca a pele e interfere nos batimentos cardíacos, e que levou dezenas de espécies à extinção em todo o mundo e segue ameaçando muitas outras.

Para ajudar sapos e rãs que convivem com este problema, uma equipe internacional de cientistas da Universidade de Melbourne, Universidade Macquarie, Universidade da Tasmânia, da Austrália; Universidade do Arkansas, dos Estados Unidos, e Universidade de Auckland, da Nova Zelândia, desenvolveram abrigos aquecidos pela luz solar.

Os pesquisadores descobriram que estes espaços podem curar a doença ao suprimir o crescimento do fungo. Eles foram projetados para aquecer os animais, elevando sua temperatura corporal o suficiente para combater e matar rapidamente as infecções causadas pela quitridiomicose.

Outra boa notícia é que os anfíbios que sobrevivem ainda podem desenvolver uma forma de imunidade adquirida, tornando-se mais resistentes a infecções futuras. O trabalho dos cientistas mostrou que, quando reexpostos ao fungo, os sapos previamente infectados tiveram uma taxa de sobrevivência 86% maior em comparação com 22% dos não infectados anteriormente.

Fáceis e baratos

Os pequenos abrigos são baratos e reproduzíveis, construídos com materiais facilmente disponíveis, incluindo tijolos e estufas de PVC. “A coisa toda é como um mini spa médico para sapos, e vai atrair espécies que antes prosperavam ao lado dos humanos, frequentemente ocupando quintais e caixas de correio. Ao tornar esses ‘pontos críticos’ disponíveis para os sapos no inverno, nós os capacitamos a curar suas infecções – ou a nem mesmo ficarem doentes”, disse o principal autor do estudo, publicado na Nature, Anthony Waddle, da Universidade Macquarie.

No momento, os refúgios para anfíbios estão em funcionamento no Parque Olímpico de Sydney, na Austrália, onde vive uma grande população de rãs-de-sino-verde-e-dourado. “Nós mostramos que funciona, agora estamos aplicando em uma das populações mais vulneráveis, onde esperamos ver um impacto imediato”, salientou o cientista.

No futuro, recursos semelhantes poderão ser utilizados para mais espécies ameaçadas de extinção. “Esta pesquisa tem grande potencial para ser extrapolada para outras espécies de sapos ameaçadas pela quitridiomicose, como o Growling Grass. Nosso trabalho demonstra o valor da colaboração interdisciplinar e interinstitucional no enfrentamento deste problema global”, completou o professor Lee Skerratt, da Universidade de Melbourne.