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Cientistas brasileiros testam novo antiviral contra a dengue em parceria com Universidade Stanford

Cientistas brasileiros testam novo antiviral contra a dengue em parceria com Universidade Stanford

Testes em animais começarão em abril, com a participação de pesquisadores do Instituto Ciência Pioneira e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Enquanto o Brasil enfrenta sua pior epidemia de dengue da história, um novo antiviral contra o vírus que causa a doença será testado em animais em breve. A pesquisa é da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, em parceria com pesquisadores brasileiros.

Até agora foram feitos testes preliminares em laboratório, usando células infectadas, e, em abril, deve-se iniciar os testes em camundongos em parceria com o Instituto Ciência Pioneira e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A pesquisa é encabeçada por Jeffrey S. Glenn, professor de imunologia e microbiologia em Stanford, que tem um longo histórico de estudo com doenças como hepatite, Covid-19 e arbovírus (aqueles transmitidos por mosquitos, como a dengue, zika e o chikungunya).

Na equipe do pesquisador americano está Victor Geddes, que faz seu pós-doutorado em genética em Stanford e é parte da Ciência Pioneira, iniciativa sem fins lucrativos de apoio à ciência no Brasil vinculada ao IDOR (Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino).

Segundo Geddes, o novo candidato a antiviral é um desdobramento de uma descoberta de anos atrás do professor Jeffrey S. Glenn. Em um artigo de 2010, o pesquisador americano descobriu que uma molécula pequena, do grupo das carboxamidas de piridinas, conseguia inibir a replicação do vírus da hepatite C ao inibir uma proteína essencial para a multiplicação viral. Esse teste foi feito in vitro, ou seja, no laboratório.

Agora, anos depois, a equipe decidiu testar a mesma molécula para o vírus da dengue, e os resultados preliminares são promissores. Ainda há muito chão pela frente, porém: os testes com camundongos em parceria com a UFMG começam em abril, e a expectativa é que os primeiros resultados estejam disponíveis no início do segundo semestre deste ano. Se forem positivos, o antiviral ainda precisa passar por várias etapas de testes em humanos. Mas é uma esperança.

Atualmente, não há nenhum medicamento específico para a dengue, fora o tratamento dos sintomas. Em 2024, o Brasil vive a sua pior epidemia da doença: já são mais de dois milhões de caso prováveis, segundo o Ministério da Saúde, e 715 óbitos confirmados. Outras 1078 mortes estão sendo investigadas. Até então, a pior epidemia de dengue no Brasil tinha ocorrido em 2015, com 1,7 milhão de casos – note que isso foi no ano todo, e já passamos a marca em apenas três meses.

Um possível antiviral seria útil para tratar os já infectados e impedir mortes. Até agora, nossa única arma contra a dengue é a recém aprovada vacina QDenga, que serve para prevenir casos. O imunizante começou a ser distribuído pelo SUS em fevereiro deste ano. Além disso, o Instituto Butantan também está desenvolvendo sua própria vacina para o vírus.