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Chuvas freiam a redução de nível dos reservatórios brasileiros

Chuvas freiam a redução de nível dos reservatórios brasileiros

A chuva voltou a cair nos estados que vivem a pior seca dos últimos 91 anos. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia mostram que as maiores chuvas este mês foram em cidades do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

As chuvas no Sul e no Sudeste do Brasil trouxeram algum alívio para os reservatórios das hidrelétricas que atingiram níveis críticos nos últimos meses.

A chuva voltou a cair nos estados que vivem a pior seca dos últimos 91 anos. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia mostram que as maiores chuvas este mês foram em cidades do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Em alguns lugares choveu mais de 60 milímetros em um único dia.

O início de outubro superou as previsões do Inmet e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

“Começamos pelo menos o período chuvoso com boas chuvas principalmente em áreas do Sul e do Sudeste”, diz Olivio Bahia, do Inmet.

Na Região Sul, o armazenamento de água, que vinha caindo desde o início de julho, agora voltou a subir. Em outubro, o nível dos reservatórios passou de 28,6% para 34,1% da capacidade. No Sudeste e Centro-Oeste, o armazenamento vinha caindo desde o fim de março, e agora ficou estável.

Apesar da chuva, os reservatórios do Sudeste permanecem no nível mais baixo dos últimos 20 anos. Especialistas em energia descartam, por enquanto, uma redução de tarifas. Afirmam que o Brasil continua muito dependente da energia térmica, que é mais cara e poluente, e cobram das autoridades um planejamento melhor para garantir o abastecimento nos próximos meses.

“No curto prazo, respiramos um pouquinho, mas estamos ainda na UTI. Você tem que botar na mesa vários especialistas, não é só do governo, não. E ver as soluções: ‘como eu posso resolver isso de vez?’ Não é possível todo ano eu estar com essa questão. Eu acho que não foi feito uma análise de risco dessa situação”, afirma Renato Queiroz, professor do Grupo de Economia da Energia da UFRJ.

 

Em maio, o Operador Nacional do Sistema alertou que hidrelétricas poderiam chegar perto do colapso em novembro. O ONS afirmou esta semana que, embora o cenário esteja melhor, sem risco de racionamento, a situação das hidrelétricas ainda é sensível. E as medidas excepcionais que vêm sendo gradualmente adotadas serão mantidas.

Entre as medidas está a tarifa de escassez hídrica, que deixa a conta de luz mais cara.

“A hidrologia melhor traz um pouco de tranquilidade quanto ao abastecimento neste mês de outubro e em novembro, reduz um pouco o risco de apagão, mas permanece o problema do custo tarifário. Por quê? Porque as termelétricas vão continuar operando, porque o nível dos reservatórios estão muitos baixos, e justamente existe risco para 2022. E isso contamina a tarifa, a conta de luz e, é claro, a inflação”, explica Maurício Tolmasquim, professor de Engenharia da UFRJ.

O Ministério de Minas e Energia declarou que desde o ano passado adota diversas medidas para reduzir o impacto da crise hídrica no setor elétrico e que faz um monitoramento permanente; que o Governo Federal tomou medidas para aumentar a oferta de energia como a importação e o acionamento de usinas térmicas; e que promoveu campanhas para estimular a redução do consumo.