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Carne de laboratório é aposta do agro, tem Brasil na vanguarda, mas não vai estar no próximo churrasco

Carne de laboratório é aposta do agro, tem Brasil na vanguarda, mas não vai estar no próximo churrasco

Alimento deve chegar ao mercado brasileiro a partir de 2024, com investimento milionário. Indústria ainda precisa vencer o maior desafio: produzir em larga escala e de forma barata.

carne no futuro poderá ser criada desde as primeiras células e ser “impressa”, para ter uma textura parecida com a da convencional, ou ganhar formatos muito diferentes do que conhecemos: quem sabe um dia você vai beber um “suco” de bife…

A chamada carne de laboratório (ou carne cultivada) é um produto no qual o agronegócio mundial já investiu US$ 1,9 bilhão desde 2016, segundo estimativa da ONG The Good Food Institute (GFI), que apoia o desenvolvimento do mercado de proteínas alternativas.

🧪🔬O Brasil é um dos países que estão na vanguarda mundial da pesquisa e produção, mas não vai dar para comer essa carne no próximo churrasco: a previsão é de que ela comece a ser vendida aqui, bem aos poucos, só a partir do ano que vem.

🍖 É uma estimativa parecida com a de outros grandes mercados, como Europa e Estados Unidos. Atualmente, só Singapura comercializa o produto, em quantidade bem pequena. A carne também pode ser provada em um restaurante em Israel.

🆘 Quem aposta tanto nessa tecnologia, como a gigante JBS, afirma que é uma questão de sobrevivência. A expectativa da indústria é de uma produção mais sustentável e com menos sofrimento animal.

🐄🐄🐄🐄🐄 Mas ninguém ainda conseguiu fazê-la em larga escala e de forma barata. E existem controvérsias sobre a promessa de sustentabilidade.

g1 conversou com pesquisadores, especialistas em agropecuária, engenharia de alimentos e nutrição, além da JBS, uma das principais investidoras do produto no Brasil, para entender pontos básicos e as visões diferentes sobre essa tecnologia:

  • QUANTO CUSTA: segundo os entrevistados, ainda não dá para estimar o custo de produção e de venda do produto; isso porque ele não existe em larga escala.
  • É IGUAL À CARNE COMUM? nenhum dos entrevistados diz ter provado até agora. A engenheira de alimentos Tatiana Nery afirma que o sabor deverá ser parecido com o das carnes convencionais, mas a textura dificilmente será igual. O formato também poderá ser diferente;
  • QUEM APROVOU? No Brasil, o produto ainda não tem aval do governo para ser consumido, mas a carne cultivada obteve as primeiras aprovações nos EUA e o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) para a criação de protocolos de fiscalização;
  • É SAUDÁVEL? A pesquisadora Josefa Garzillo alerta que as carnes cultivadas que precisarem de corantes, aromatizantes e outros aditivos trazem consigo os prejuízos dos alimentos ultraprocessados;
  • É SUSTENTÁVEL? O agrônomo Sergio Raposo pontua que a produção em larga escala vai exigir alta demanda de energia e de insumos de origem animal, o que poderia colocar em xeque a expectativa de produção mais “verde”;
  • É O FUTURO? Para Luismar Porto, presidente do setor de inovação da JBS, uma das empresas que mais apostam nesse segmento, investir em proteínas alternativas “é um caminho sem volta”, necessário para sustentar uma população crescente.