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Câncer de pulmão: tumor que matou Rita Lee afeta 32 mil brasileiros por ano

Câncer de pulmão: tumor que matou Rita Lee afeta 32 mil brasileiros por ano

Doença que levou estrela do rock brasileiro a óbito mata 15 vezes mais fumantes do que pessoas que nunca fumaram; saiba mais sobre riscos, sintomas e tratamento

Rita Lee, estrela do rock brasileiro que brilhou em carreira solo e na banda Os Mutantes, morreu nesta segunda-feira (8), aos 75 anos. A artista lutava contra um câncer de pulmão, doença diagnosticada em 2021.

O óbito da roqueira foi divulgado em seu perfil oficial no Instagram. “Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no final da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou”, diz a publicação. “O velório será aberto ao público, no Planetário do Parque Ibirapuera, na quarta-feira (10), das 10h às 17h”.

O corpo de Lee será cremado, conforme a vontade da cantora e compositora, em uma cerimônia particular, conforme o comunicado. “Nesse momento de profunda tristeza, a família agradece o carinho e o amor de todos”, finaliza o post.

Incidência

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de pulmão atinge cerca de 32 mil brasileiros por ano. No Brasil, a doença foi responsável por 28.620 mortes em 2020.

Estimativas daquele ano indicaram que este tumor é o terceiro mais comum em homens (17.760 casos novos) e o quarto em mulheres (12.440 casos novos) no país, sem contar o câncer de pele não melanoma.

Rita Lee, aos 75 anos, em foto compartilhada em seu perfil no Instagram — Foto: @ritalee_oficial/Instagram/Reprodução

Rita Lee, aos 75 anos, em foto compartilhada em seu perfil no Instagram — Foto: @ritalee_oficial/Instagram/Reprodução

Sintomas

Os sintomas geralmente não ocorrem até que o câncer de pulmão esteja avançado, mas algumas pessoas em estágio inicial já são sintomáticas. Entre os principais incômodos, estão: tosse persistente; escarro com sangue; dor no peito; rouquidão; piora da falta de ar; perda de peso e de apetite; cansaço e pneumonia recorrente.

Apesar da alta incidência deste tipo de tumor atualmente, o Inca prevê que as mortes por câncer de pulmão podem diminuir 28% em homens entre 30 e 69 anos, de 2026 a 2030. A diminuição de óbitos, de acordo com o instituto, ocorre devido a programas governamentais de controle do tabagismo.

Os Mutantes em 1969; da esquerda para a direita: Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias — Foto: Arquivo Nacional

Os Mutantes em 1969; da esquerda para a direita: Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias — Foto: Arquivo Nacional

O que aumenta o risco deste câncer?

O tabagismo é a principal causa de câncer de pulmão, que mata 15 vezes mais fumantes do que pessoas que nunca fumaram. Já a mortalidade entre ex-fumantes é cerca de quatro vezes maior.

Mas também há outros fatores de risco. Entre eles: história familiar; exposição à poluição do ar; infecções pulmonares de repetição; exposição ocupacional a agentes químicos ou físicos; e doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica). Além disso, este câncer atinge sobretudo idosos, com entre 50 e 70 anos.

Para os homens, o risco de ter a doença durante a vida é maior, sendo de cerca de um em 16, segundo a Sociedade Americana de Câncer. Para as mulheres, o risco é de cerca de um em 17. Esses números incluem tanto as pessoas que fumam quanto as que não fumam — para fumantes, a incidência é muito maior.

Prevenção

Rita Lee se apresentando no Credicard Hall, em São Paulo, em 2010 — Foto: Wikimedia Commons

Rita Lee se apresentando no Credicard Hall, em São Paulo, em 2010 — Foto: Wikimedia Commons

Para evitar o câncer de pulmão, algumas práticas podem ajudar. A primeira delas, claro, é não fumar, e evitar tabagismo passivo. Também é importante evitar a exposição a agentes químicos presentes em alguns locais de trabalho, como indústrias e lugares de mineração (arsênico, asbesto, berílio, cromo, radônio, urânio, níquel, cádmio, cloreto de vinila e éter de clorometil).

Diagnóstico e tratamento

No caso de suspeita de câncer pulmonar, é realizado um raio-X do tórax, complementado por tomografia computadorizada. Uma broncoscopia (endoscopia respiratória) também pode ser feita para eventualmente permitir uma biópsia, na qual são retirados pedacinhos do tumor com uma agulha para exame.

Uma vez obtida a confirmação da doença, é feito o estadiamento, que avalia se o câncer está restrito ao pulmão ou se espalhou para outros órgãos. Esta avaliação é feita por meio de vários exames, como biópsia pulmonar guiada por tomografia, biópsia por broncoscopia, tomografia de tórax, ressonância nuclear, ecobroncoscopia, etc.

O tratamento da doença requer muito mais do que um oncologista. É recomendado consultar vários profissionais, como cirurgião torácico, pneumologista, radioterapeuta, médico nuclear, fisioterapeuta e nutricionista.

O paciente pode passar por cirurgia, quando possível, para remover o tecido cancerígeno, além dos linfonodos próximos ao pulmão. Outros tratamentos incluem quimioterapia e radioterapia — ambos feitos por Rita Lee — e ainda o uso de drogas da terapia-alvo, usada com frequência em pessoas cujo tumor tenha determinadas características genéticas.