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Buracos negros podem estar mais próximos da Terra do que se imaginava

Buracos negros podem estar mais próximos da Terra do que se imaginava

Esse tipo de objeto astronômico possivelmente faz parte de um aglomerado de estrelas perto do nosso Sistema Solar, sugere estudo

É possível que a Terra esteja mais próxima de buracos negros do que se imaginava. Pelo menos é isso o que sugere um estudo publicado na edição de setembro do periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Feita por um grupo de cientistas de universidades da Itália, Espanha, Alemanha, Reino Unido e China, a pesquisa indica que esses misteriosos objetos astronômicos podem fazer parte das Híades, um aglomerado estelar aberto perto do Sistema Solar. Essa área, que reúne estrelas com idades e características químicas semelhantes, fica a cerca de 45 parsecs ou 150 anos-luz do Sol.

Atualmente, o candidato a buraco negro mais próximo do nosso planeta é o Gaia BH1, que fica a 480 parsecs da estrela central no nosso sistema.

Os autores chegaram a essa conclusão ao estudar o movimento dos astros nas Híades. Para estudar a evolução dos corpos celestes, os especialistas usaram modelos astronômicos — e acabaram tendo uma grande surpresa ao comparar seus resultados com as observações do satélite Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA). As simulações do estudo simplesmente não batiam com os dados atuais e precisos de posição e velocidade das estrelas do aglomerado.

Visualização de um disco de acreção de buraco negro — Foto: Nasa
Visualização de um disco de acreção de buraco negro — Foto: Nasa

“As nossas simulações só podem corresponder simultaneamente à massa e ao tamanho das Híades se alguns buracos negros existissem no centro do aglomerado hoje ou até recentemente”, explica Stefano Torniamenti, pós-doutorando da Universidade de Pádua (Itália) e primeiro autor do estudo, em comunicado divulgado nesta sexta-feira (8).

As simulações ofereceram resultados mais próximos às medições do satélite da ESA quando os autores consideraram um cenário no qual as Híades tinham dois ou três buracos negros atualmente. No entanto, os cientistas avaliam que seria possível obter resultados semelhantes em cenários nos quais todos os buracos negros tivessem sido ejetados há menos de 150 milhões de anos (cerca de um quarto da idade do aglomerado estelar).

“Essa observação nos ajuda a compreender como a presença de buracos negros afeta a evolução dos aglomerados estelares e como esses aglomerados contribuem para as fontes de ondas gravitacionais”, conclui Mark Gieles, membro do Departamento de Física Quântica e Astrofísica da Univeridade de Barcelona (Espanha) e coautor do estudo. “Estes resultados também nos dão uma ideia de como estes objetos misteriosos estão distribuídos pela galáxia.”