Brasileiros entram para o Guinness após reconstruírem casco de jabuti
Os brasileiros Cicero Moraes, Roberto Fecchio, Rodrigo e Matheus Rabello e Paulo Miamoto entraram para o Guinness (o “livro dos recordes”) após liderarem um projeto que viu a reconstrução do casco de um jabuti por meio de tecnologia de impressão 3D. O trabalho – o primeiro do seu tipo – rendeu a indicação dos especialistas à nova edição do material.
O jabuti, que é uma fêmea, havia perdido a sua proteção após um incêndio em Brasília, em 2015. Na ocasião, dizem os responsáveis, “Fred”, como vem sendo chamado o animal, ficou à beira da morte, passando por duas crises de pneumonia e mais de um mês sem conseguir comer.
Em entrevista ao UOL, o designer Cicero Moraes, do grupo Animal Avengers 3D, detalhou um pouco mais da situação do animal: “depois do incêndio, ela ficou vários dias com o casco queimado. Algumas moscas colocaram ovos nas feridas e larvas se desenvolveram, foi bem triste. Os irmãos Rabello cuidaram do animal e propuseram para a gente fazer a prótese. Mas a gente não tinha ideia de como fazer isso”.
De acordo com ele, mais de 85% do casco estava destruído.
O grupo se reúne para discutir tecnologias em 3D desde 2013, tendo experimentado com a impressão do tipo em vários outros animais antes de Fred. O bico de um tucano foi recuperado por esse projeto. Depois, foi a vez de um papagaio. Ambos, porém, eram projetos de pequena magnitude se comparados à recuperação de um jabuti.
Moraes contou que conseguiu um outro jabuti para servir de modelo, pedindo a veterinários que lhe enviassem diversas fotos para servir de base. Após convertê-las para um formato legível ao software de impressão 3D, foi um processo de mais ou menos um mês, estudando o desenho, os encaixes e a melhor forma de criar o material para colocá-lo ao animal.
A impressão em si foi dividida em quatro partes – cada uma levando aproximadamente um dia para ficar pronta. Depois, tudo foi enviado a Brasília, onde foram encaixados no animal em uma mesa de cirurgia. Segundo a equipe, Fred passou – e passa – muito bem e não houve qualquer rejeição ao casco.
“A gratificação é múltipla. No primeiro momento, a preocupação era manter o animal vivo, saudável. Os veterinários conseguiram, mas ela ficava muito dependente, com a pele exposta, por isso fizemos o casco. Depois que o trabalho foi feito, ficamos felizes, pois Fred estava com o casco e com autonomia. E claro, tivemos o bônus do trabalho ser reconhecido e ser um gesto nobre, então a alegria é imensa”, disse Moraes.