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Brasil precisa voltar a liderar defesa do desenvolvimento sustentável, defende Jeffrey Sachs

Brasil precisa voltar a liderar defesa do desenvolvimento sustentável, defende Jeffrey Sachs

O Brasil precisa ter um um papel mais amplo e positivo nas negociações por medidas globais de redução dos impactos das mudanças climáticas. A volta do protagonismo brasileiro na defesa do desenvolvimento sustentável foi defendida pelo economista norte-americano Jeffrey Sachs durante painel sobre o mundo no pós-pandemia nesta segunda-feira, 13, durante a 11ª Virada Sustentável.

“Precisamos de um sistema global de agricultura que proteja a biodiversidade, armazene carbono e produza comida saudável. Sabemos que o Brasil pode fazer isso, mas não tem feito nos anos recentes, neste governo”, destacou Sachs, que é professor e diretor do Centro Para Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Columbia e consultor da ONU.

A Virada Sustentável, que tem o Estadão como parceiro, se estende até 22 de setembro, de forma gratuita e com atividades virtuais e presenciais. A programação completa está disponível no site viradasustentavel.org.br.

No evento, Sachs destacou que o Brasil precisa combater a devastação da Amazônia e que é preciso adotar um sistema de produção de alimentos sustentável. “Precisa estar no topo da agenda (de prioridades)”, defendeu. “A situação é urgente, o tempo é curto e a pandemia tem desequilibrado o mundo profundamente.”

Sachs lembrou que há eventos importantes nos próximos meses e anos que vão discutir temas relacionados ao desenvolvimento sustentável, e que o Brasil precisa adotar uma postura de defesa do meio ambiente nestas ocasiões, como a COP26 e os encontros do G20. “É um superpoder em biodiversidade e desenvolvimento sustentável”, comentou.

Dentre os compromissos, destacou a necessidade de garantir o cumprimento do Acordo de Paris e a tomada de medidas para que o aquecimento global se mantenha em até 1,5º C (estimativa para 2030 apontada pelo relatório divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre o Clima da ONU, IPCC, em agosto). “O Brasil está no centro desta discussão, porque é a casa de uma das maiores biodiversidade do planeta, única, maravilhosa, produtiva e sob ameaça.”

Entre os exemplos de medidas necessárias para obter “segurança climática”, o economista cita: a não dependência de combustíveis fósseis, a adoção ampla da energia solar e eólica, o combate às queimadas e a adoção de formas sustentáveis de cultivo de alimentos. “Precisamos que os países do G20 se comprometam a proteger o mundo da devastação provocada pelo uso insustentável da terra e da devastação da mudança de clima induzida pelo ser humano”, completou.

O economista também disse ser favorável à proposta de que países desenvolvidos destinem recursos para a proteção da Amazônia e outros biomas ameaçados. “O Brasil está em uma situação muito triste”, comentou o economista, que não citou nomes.

Perguntado no painel sobre o papel do setor privado no desenvolvimento sustentável, Sachs destacou que as empresas precisam se fazer quatro perguntas essenciais a respeito da sustentabilidade do produto, dos processos de produção e dos fornecedores, além do papel social que detém. Isto é, não basta que o resultado seja mostrado como sustentável, mas precisa estar dentro de um sistema que também o é.

“Acredito que todos os negócios, pelo o seu próprio bem, precisam estar alinhados com os objetivos de desenvolvimento sustentável (da ONU) e o Acordo de Paris. De outra forma, estarão operando contrariamente à direção que a sociedade está encabeçando globalmente”, disse. “Esses negócios precisam entender que o desenvolvimento sustentável é uma agenda que vai mexer com os seus mercados, com as suas tecnologias, com as suas licenças para operar.”

Por isso, o economista destacou o papel cidadão das empresas. Isto é, uma atuação que não esteja ligada a trapaças, fraudes, evasão fiscal ou a um lobby com impacto social negativo. “Nós temos que limpar os sistemas. De outra forma, nunca vamos conseguir um desenvolvimento sustentável.”

Veja outros destaques da programação da 11ª Virada Sustentável:

Exposição Sem Saída (Andy Singer): até 22 de setembro. Estação Tatuapé do Metrô.

Exposição Rios Descobertos – De Frente Para o Pinheiros: até 31 de outubro, das 5h30 às 17h30. Ciclovia do Rio Pinheiros.

Painel Amazônia e o Futuro do Brasil: 13 de setembro, às 14h. Online.

Painel Entendendo o Supermercado: um Diálogo Sobre a Agricultura Brasileira e Fome: 16 de setembro, às 14h. Online.

Espetáculo Évolon (balé aéreo): 18 de setembro, às 12h e às 16h. Ponte Estaiada.

Painel Educação e economia circular: 20 de setembro, às 15h15. Online.

Fonte:  Terra