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Brasil perdeu 15% da faixa de areia em 30 anos; avanço do mar ameaça praias e casas

Brasil perdeu 15% da faixa de areia em 30 anos; avanço do mar ameaça praias e casas

Construções na orla e mudanças no clima aceleram erosão costeira; relatório da ONU coloca cidade brasileira entre as mais ameaçadas do mundo.

Imagine perder a vista do mar, o pé na areia e a tranquilidade da beira da praia. Pode parecer exagero, mas isso já está acontecendo em diversas partes do litoral brasileiro.

➡️ Nos últimos 30 anos, o Brasil perdeu cerca de 15% de sua faixa de areia, segundo estudos científicos. Isso significa que, a cada 100 metros de praia, 15 já desapareceram.

O principal motivo? A erosão costeira — um processo natural, mas que está sendo agravado pela ação humana e pelas mudanças no clima.

Como o mar engole a praia?

A formação da faixa de areia depende de um equilíbrio entre o que o mar leva e o que devolve. As ondas carregam grãos de areia suspensos na água e os depositam na beira da praia, formando bancos de areia.

Mesmo que parte da areia seja levada de volta pelo mar, esse ciclo costuma ser estável. Mas quando há construções demais na orla, esse equilíbrio se rompe.

Prédios, calçadões e estruturas construídas muito perto do mar atrapalham a formação dos bancos de areia. Sem esse “estoque” natural, a praia perde a capacidade de se recuperar — e a faixa de areia vai encolhendo.

No infográfico abaixo, o g1 explica o quanto desapareceu, como isso aconteceu e quais os impactos.

O avanço do mar coloca vidas em risco

A erosão não é apenas um problema estético ou turístico. A faixa de areia atua como barreira natural contra o avanço do oceano. Quando ela desaparece, casas, comércios e vidas inteiras ficam em risco.

Um dos casos mais emblemáticos é o de Atafona, no litoral do Rio de Janeiro. A cidade já perdeu ruas inteiras para o mar e foi listada pela ONU como uma das 31 regiões do mundo mais ameaçadas pela elevação do nível do mar.

Entre 1990 e 2020, o oceano subiu 13 centímetros na região — e a previsão é que suba mais 21 centímetros até 2050, segundo os dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Mas Atafona não é a única. Diversas outras praias brasileiras também estão encolhendo, e o fenômeno se repete em pontos do litoral Norte, Nordeste e Sudeste.