Brasil lança ação para cortar plásticos no setor de alimentos e bebidas

O projeto Plastic Reboot trabalhará com hotéis, restaurantes e buffets
As embalagens do setor de alimentos e bebidas respondem por cerca de 40% do consumo global de plástico, tornando-se um dos principais impulsionadores de resíduos plásticos. Mas, este cenário pode ser revertido com uma nova iniciativa lançada durante a Conferência Anual Plastic Reboot, um fórum global para promover soluções circulares focadas em reduzir a poluição plástica.
Realizado em Salvador, na Bahia, é a primeira edição do evento, que reúne 15 países da África, Ásia e América Latina. O evento é organizado pelo Governo do Brasil, em parceria com o Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e o Fundo Mundial para a Natureza (WWF).
Por meio do GEF, há US$ 108 milhões disponíveis para o combate à poluição plástica por meio de uma abordagem de ciclo de vida; desde a produção até seu uso e descarte, limitando os problemas potenciais causados por produtos plásticos em todas as fases de seu ciclo de vida.

“Enquanto aguardamos a retomada das negociações de um tratado global sobre plásticos, estou feliz em ver o Brasil usando os recursos do GEF para assumir um papel de liderança global na busca de soluções circulares para a poluição plástica”, diz o CEO e presidente do GEF, Carlos Manuel Rodríguez. “A experiência do país mostra o enorme potencial de uma abordagem de ‘ciclo de vida completo’ para os plásticos, ajudando a traçar uma rota para outras nações que trabalham para acabar com o ciclo de poluição”, completa.
Menos plástico no setor de alimentos e bebidas
Além de sediar a primeira Conferência Plastic Reboot, o Brasil apresenta seu próprio projeto nacional para avançar na circularidade e na redução do consumo e descarte de plástico descartável no setor de alimentos e bebidas. A iniciativa Plastic Reboot trabalhará com o setor de hotéis, restaurantes e buffets para criar uma política e um ambiente regulatório testado nas cidades costeiras. Projetos-piloto serão implementados em cinco cidades brasileiras: Baixada Santista (SP), Belém (PA), Florianópolis (SC), Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (BA).

Combater a poluição por plástico não é apenas um imperativo ambiental, mas também um desafio científico e tecnológico que exige cooperação global. Para o Brasil, o MCTI está comprometido em liderar pelo exemplo, promovendo o intercâmbio de conhecimento, apoiando ecossistemas de inovação e promovendo soluções de economia circular que conectam ciência, sociedade e desenvolvimento sustentável”, afirma a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.
Plastic Reboot
Além do Brasil, o programa global Plastic Reboot envolve outros 14 países: Burkina Faso, Camboja, Ilhas Cook, Costa Rica, República Dominicana, Índia, Jordânia, Laos, Peru, Filipinas, Marrocos, Nigéria, Senegal e África do Sul.
O programa se concentra em intervenções para reduzir a poluição plástica na fonte – como projetar embalagens para reutilização e reciclabilidade, introduzir incentivos e ferramentas regulatórias como Responsabilidade Estendida do Produtor (EPR) e otimizar as cadeias de suprimentos para minimizar o descarte de plástico. Juntamente com parceiros globais, esses países se reúnem na conferência inaugural Plastic Reboot para compartilhar as melhores práticas e lições aprendidas, discutir caminhos políticos e fortalecer a colaboração em direção a uma economia de plástico mais circular e sustentável.
“Agora é a hora de transformar conhecimento em ação significativa”, diz Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA. “O Plastic Reboot apoia a mudança de que precisamos, impulsionando a inovação e apoiando os governos no estabelecimento de um ambiente político e jurídico propício para acelerar uma transformação da maneira como os produtos plásticos são projetados, produzidos e utilizados”, completa.
Pesquisas recentes mostram que a abordagem do ciclo de vida, fundamental para soluções circulares, pode resultar em uma economia de US$ 70 bilhões em despesas de gestão de resíduos para os governos e de US$ 4,5 trilhões em custos sociais e ambientais até 2040.