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Brasil bate recorde na reciclagem de latinhas de alumínio em 2021

Brasil bate recorde na reciclagem de latinhas de alumínio em 2021

O índice de reaproveitamento chegou a 98,7%, um recorde tanto em quantidade quanto em proporção em mais de três décadas.

O cuidado com o meio ambiente provocou um recorde positivo no Brasil: o de reciclagem de latinhas de alumínio em 2021.

Mãos de quem trabalha e muito. Jansen Alves Caetano, pedreiro desempregado, passa o dia revirando lixo à procura de latinhas de alumínio, mas, às vezes, não é fácil.

“Eu reparo muito quando eu estou andando nas ruas: a pessoa termina de tomar um refrigerante ou uma cerveja, ela pode estar perto de uma lixeira, ela não joga fora. Ela pisa, amassa e coloca dentro da mochila para levar para casa”, diz.

A catadora de materiais recicláveis Sônia Regina também conta com o dinheiro das latinhas para o dia a dia.

“É uma fonte de renda, porque faxina está difícil de arrumar. Então, a gente vai lutando. Consigo pagar as minhas continhas”, afirma.

As latinhas de alumínio estão valorizadas. Um ferro-velho está pagando mais pelo produto.

“Antes da pandemia, era R$ 5. Agora, subiu bastante. Acho também que é a falta de matéria-prima. Aí já chega a estar R$ 8 o quilo”, diz Adriana Maria de Lima, gerente de ferro-velho.

Dos ferros-velhos, as latinhas são vendidas para empresas, onde são preparadas e comercializadas para indústrias. Uma cadeia que está aquecida. O Brasil nunca reciclou tantas latinhas de alumínio como no ano passado. O índice de reaproveitamento chegou a 98,7%, um recorde tanto em quantidade quanto em proporção em mais de três décadas.

Das 414,5 toneladas vendidas no ano passado, 409 foram para reciclagem. No primeiro levantamento, em 1990, foram três toneladas e meia recicladas – só 45% do total. Antes de 2021, o recorde do total vendido e reciclado foi em 2014, quando 98,4% das latinhas voltaram para o mercado.

O comércio de latinhas de alumínio veio aumentando a cada ano.

“Com a pandemia teve um número grande de desemprego. Então, várias famílias que perderam o emprego tiveram isso como sustento. E o outro fator importante, com a falta do produto, o valor agregado dele subiu. Então, ficou mais atrativo para aquele catador ou para quem até pensava a começar algo relacionado a esse tipo de negócio”, diz Vinícius Silvério, diretor de empresa de reciclagem.

A maior conscientização do consumidor também é um dos fatores dos bons números, mas para a associação que representa as empresas do setor, o crescimento deste mercado vai além.

“A gente tem uma rede cada vez maior engajada e formalizada de catadores de materiais recicláveis. A gente tem, então, uma indústria recicladora expandindo cada vez mais a sua capacidade produtiva. E não menos importante, também temos a expansão constante dos fabricantes das latinhas de alumínio no Brasil”, afirma Renato Paquet, secretário-executivo da Recicla Latas.

Num restaurante, as latinhas têm destino certo. Um hábito que, além de cuidar do meio ambiente, tem um retorno para os garçons todo mês de dezembro.

“Ao longo de um ano, a gente vai colocando esse valor no fundo para a gente fazer uma festa bem legal para eles. O pessoal não reclama, não. Eles ficam aí até varar o dia”, conta Juarez Rocha, gerente administrativo do restaurante.