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Avanço do mar muda paisagens de praias no Nordeste

Avanço do mar muda paisagens de praias no Nordeste

Na Praia do Bessa, em João Pessoa, as ressacas fortes que atingem a região deixaram muitas construções destruídas. Uma rua foi praticamente levada pelas águas.

O avanço do mar vem mudando a paisagem das praias do Nordeste.

As ondas estão cada vez mais perto do farol do Cabo Branco, marco do extremo oriental das Américas e ponto turístico de João Pessoa. A falésia que fica numa pontinha do mapa, na Praia do Seixas, está ameaçada pela erosão. E uma pista que dá acesso à parte de cima da barreira foi interditada.

“Eu vi, assim, com uma certa tristeza, né? Porque eu venho aqui há algum tempo já, e em outros anos eu não tinha observado tanto”, diz o técnico em saúde Policarpo Assunção.

Mais à frente, na Praia do Cabo Branco, os ciclistas agora precisam desviar a rota.

“Eu ando aqui umas duas, três vezes por semana. Aqui, o avanço do mar pega um pouco da ciclovia, e isso afeta nosso passeio de bicicleta pela orla”, conta o engenheiro civil Kevin Nóbrega.

Na Praia do Bessa, a paisagem também está mudando. Com as ressacas fortes que atingem essa região, muitas construções foram destruídas. Uma rua foi praticamente levada pelas águas.

João Pessoa recebe aproximadamente 1 milhão de visitantes por ano, segundo o governo do estado. e o turismo é uma das principais atividades econômicas da cidade. O setor está preocupado que a destruição de alguns trechos da orla afaste os turistas.

“Isso é um impacto muito grande, certo? Porque a gente tenta vender a cidade para o resto do país, e até fora do país, e a gente precisa que essa estrutura seja melhorada”, pede Delano Tavares, presidente do Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação de João Pessoa.

O avanço do mar também pode ser observado em outros estados do Nordeste, que estão sofrendo com os efeitos das marés. Em Maceió, já são 11 pontos de erosão na orla marítima, de acordo com a prefeitura. Em um trecho, o calçadão não existe mais. Já em Canguaretama, litoral sul do Rio Grande do Norte, a água está se aproximando novamente das casas.

Essas alterações no litoral nordestino são acompanhadas por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba.

“O que se pode fazer é retardar um pouquinho a erosão usando recifes artificiais, semi-submersos. Que isso vai tirando energia das ondas. Ondas com menos energia carregam menos areia. Dadas as nossas condições geográficas, a saída é recuar. Não existe uma maneira prática e econômica de cercar uma área tão grande”, explica Tarcísio Cordeiro, doutor em oceanografia.