Emissões de gás carbônico devem cair em 2015, revela um novo estudo
As emissões de gás carbônico, o principal causador do efeito estufa, se estabilizaram em 2014 e devem cair 0,6% até o fim de 2015, revela um novo estudo feito por pesquisadores de instituições como a Universidade Stanford, nos Estados Unidos, e o Centro Internacional de Pesquisas Climáticas e Ambientais, na Noruega. De acordo com os dados anunciados nesta segunda-feira, é a primeira vez que há um declínio semelhante durante um período de forte crescimento econômico global. A diminuição histórica pode ser atribuída à redução do consumo de carvão pela China, atualmente responsável por mais de um quarto das emissões de carbono em todo o mundo, de acordo com os cientistas.
A conclusão inesperada do estudo foi divulgada pelo Projeto Global Carbon, na Cúpula do Clima (COP-21), durante a semana em que a conferência entra em uma fase decisiva para limitar o aquecimento global em 2°C e no dia em que a capital chinesa, Pequim, emitiu o primeiro “alerta vermelho” de poluição atmosférica de sua história.
Segundo a nova análise, publicada também no respeitado periódico Nature Climate Change, as reduções são temporárias, mas poderiam ser uma “esperança” para interromper as mudanças climáticas. Os cientistas afirmam que o declínio se dará porque a China resolveu adotar fontes renováveis de energia nos últimos anos – em 2015 as emissões do país caíram 3,9%. No entanto, a Índia tem o plano de dobrar o uso do carvão em suas indústrias para expandir seu crescimento – as emissões do país são hoje iguais às da China nos anos 1990 – o que anularia os resultados positivos.
Na última década, as emissões globais cresceram por volta de 2,4% ao ano, e a queda de 0,6% pode ser considerada uma exceção.
“O tempo dirá se essa interrupção surpreendente de crescimento das emissões é transitória ou o primeiro passo para a estabilização”, afirmam os autores no estudo.
Acordo climático – Essa semana será crucial para a COP-21, que acontece até sexta-feira e tem como principal objetivo fechar um acordo sobre formas de limitar o aquecimento global a 2ºC em relação à era pré-industrial. Neste domingo, os ministros encarregados pelas negociações começaram a chegar à capital francesa. Caberá a eles aprovar um texto de 48 páginas elaborado pelos representantes nacionais desde a última semana. As autoridades também serão responsáveis por discutir assuntos mais complexos, como o financiamento de nações mais ricas às mais pobres para ajudá-las a combater as mudanças climáticas e formas de acompanhar os compromissos assumidos por cada país.
Quase todos os representantes nacionais farão um breve discurso ao longo da semana sobre suas políticas e expectativas. A meta é chegar a um acordo final na sexta-feira, mas a previsão, de modo geral, é que as conversações se prolonguem para além dos horários definidos, como ocorreu em outras cúpulas do clima da ONU.
-

1 de 4(Foto: Thinkstock/VEJA) Agenda 21
Ano: 1992 Quem assinou: 178 países As metas: diminuir o buraco na camada de ozônio e destinar parte do PIB de países desenvolvidos a países pobres, para ajudá-los a se tornar sustentáveis O que não saiu do papel: somente Dinamarca, Luxemburgo, Holanda, Noruega e Suécia honraram o compromisso de financiar países pobres. Mas há uma boa notícia: a diminuição da destruição da camada de ozônio foi alcançada

Protocolo de Kyoto
Ano: 1997 Quem assinou: 191 países A meta: reduzir a emissão de gases de efeito estufa em 5,2% até 2012 O que não saiu do papel: ocorreu o oposto, já que houve aumento de 50% na emissão de dióxido de carbono

Copenhague
Ano: 2009 Quem assinou: 141 países As metas: criação do Fundo Verde do Clima (GCF) e corte de 30% nas emissões de gases como o CO2 pela União Europeia e de 17% pelos Estados Unidos, até 2020 O que não saiu do papel: o Fundo Verde foi criado e bateu a meta de capitalização inicial de 10 bilhões de dólares, a União Europeia cortou o CO2 em 19%, mas as emissões americanas voltaram a crescer em 2013, a uma taxa anual de 2%

Declaração de Nova York sobre Florestas
Ano: 2014 Quem assinou: 28 países A meta: promover o “desmatamento zero” no mundo até 2030 O que não saiu do papel: será impossível cumprir o acordo, já que o Brasil, que abriga a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, não ratificou o documento
