Pesquisa da USP faz lixo presente nos esgotos virar concreto em São Carlo
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos (SP) descobriram uma maneira de aproveitar parte do lixo despejado no esgoto. Para reutilizar a areia coletada do local, por exemplo, foram experimentadas diversas misturas para fazer concreto. Nesse caso, a economia na compra de uma tonelada de areia pode chegar a R$ 500 por mês.
A técnica funciona como uma grande peneira. O tratamento começa com a retirada do lixo na rede de esgoto. Durante quatro anos, os pesquisadores estudaram esses materiais na estação de tratamento de São Carlos. Cerca de 15% do que aparece durante a limpeza são plásticos, tecidos, papeis e até preservativos.
“A estação precisa ou encaminhar esses resíduos para um incinerador ou implantar um. A queima desses resíduos vai gerar energia que pode ser utilizada nos próprios equipamentos do processo de tratamento da estação”, disse a pesquisadora da USP Nayara Borges.

(Foto: Paulo Chiari/EPTV)
Para isso, a areia é separada de outros materiais e encaminhada para testes em laboratório. Dessa forma, foi constatado que seria possível produzir energia colocando os dejetos em um incinerador. Cada tonelada de lixo queimado é suficiente para, por exemplo, manter um chuveiro ligado por 30 minutos durante um mês.
Para reutilizar a areia coletada do esgoto, os pesquisadores testaram várias misturas para fazer concreto, entre elas a areia comercial, pedra brita e cimento. Assim, verificaram que o cilindro feito com essa receita é resistente: cada centímetro quadrado suporta até 120 quilos.
“Os testes indicaram que a proporção de 70% da areia residual somada a 30% da areia comercial têm uma resistência adequada para a utilização de concreto para fins não estruturais, como guias, sarjetas, calçadas e outros usos”, explicou Nayara.
Retirando-se a pedra brita e acrescentando o cal, também é possível criar argamassa para revestimento, uma alternativa que, além de evitar a poluição do meio ambiente, é mais econômica.