A biodiversidade do planeta – e sua destruição – registradas nas colagens em papel de Clara Celeste Börsch

Por Kauê Vieira*

Nascida na Tailândia, tendo vivido no Brasil, na Itália, em Honduras, na Argentina, nos EUA e atualmente radicada em Berlim, Clara Celeste Börsch é uma artista do mundo – e suas colagens parecem muitas vezes ilustrar justamente o planeta em uma só imagem: múltipla. Nelas é como se florestas inteiras, em camadas de fauna e flora, se sobrepusessem, e formassem a colagem final – como se a matéria-prima fossem mesmo as folhas, as árvores, os elementos naturais que ela tanto conhece de suas andanças pelo planeta – em justaposição com a rigidez dos elementos mais urbanos que também atravessou em seu caminho.

Não por acaso, segundo a artista o seu trabalho nasce de sonhos, memórias, da reconstrução do que ela possui em seu inconsciente. “Tendo crescido no Brasil, eu tinha oceanos, rios e florestas que sempre existiram contrastando com as cidades industriais (eu vivi em São Paulo)”, ela comenta, em reportagem do site Colossal. “Minhas memórias mais antigas e mais formadoras, portanto, são de ecossistemas tropicais exuberantes, e o panorama industrial invasivo das cidades brasileiras”, diz Clare.

“Isso me veio ao foco quando fiz uma série de colagens e depois percebi que muitas das espécies registradas nas imagens antigas estavam extintas. A humanidade dizimou 68% de toda a biodiversidade do planeta desde os anos 1970, então trabalhar com ilustrações vintage pode ser devastador sobre a diversidade mostrada nessas lindas antigas impressões naturalistas que foi apagada pela atividade humana”, ela diz.

O trabalho de Clare é recorrentemente desenvolvido em parceria com a cientista Louisa Durkin, da NABiS (Nordic Academy of Biodiversity and Systematic Studies, ou Academia Nórdica de Biodiversidade e Estudos Sistemáticos), um programa cooperativo realizado por seis universidades na Suécia e na Noruega, em parceria que visa identificar meios para que seu trabalho possa mais e melhor denunciar questões ambientais. “Eu costumo dizer que não quero que minha arte seja um canto fúnebre para todas as coisas que poderíamos ter salvado”, ela diz.

Para saber mais sobre seu trabalho, você pode acessar seu site ou seu perfil no Instagram.

*Kauê Vieira – Nascido na periferia da zona sul de São Paulo, Kauê Vieira é jornalista desde que se conhece por gente. Apaixonado pela profissão, acumula 10 anos de carreira, com destaque para passagens pela área de cultura. Foi coordenador de comunicação do Projeto Afreaka, idealizou duas edições de um festival promovendo encontros entre Brasil e África contemporânea, além de ter participado da produção de um livro paradidático sobre o ensino de África nas Escolas. Acumula ainda duas passagens pelo Portal Terra. Por fim, ao lado de suas funções no Hypeness, ministra um curso sobre mídia e representatividade e outras coisinhas mais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *