Áreas de grama artificial podem ficar 25 ºC mais frias usando água da chuva
Se você já tentou jogar futebol em um campo de grama artificial sob sol quente sabe que esta pode não ser uma das melhores formas de diversão: A grama artificial esquenta uma barbaridade, e o próprio campo vira uma ilha de calor.
E, para diminuir os custos de manutenção e a infestação de pragas, diversas cidades vêm trocando a grama natural não apenas dos campos públicos, mas também de parques e jardins, por grama artificial, tornando as cidades mais quentes.
Para tentar mudar isto, pesquisadores dos Países Baixos integraram um sistema de armazenamento de água subterrâneo e de irrigação capilar sob as áreas de grama artificial, obtendo uma queda significativa na temperatura da própria grama e do ar logo acima.
“Aqui, mostramos que incluir um sistema de armazenamento de água subterrâneo e irrigação capilar em campos de grama artificial pode levar a temperaturas superficiais significativamente mais baixas em comparação com campos de grama artificial convencionais,” disse Marjolein van Huijgevoort, do Instituto KWR de Pesquisas da Água. “Com o gerenciamento circular da água no local abaixo do campo, é alcançado um efeito significativo de resfriamento evaporativo.”
[Imagem: Huijgevoort et al. – 10.3389/frsc.2024.1399858]
Resfriamento da grama artificial
O sistema inclui quatro camadas: A camada superior de grama artificial tem 50 mm de espessura, abaixo da qual vem uma camada de areia de 30 mm. A seguir vem uma camada de espuma porosa de absorção de choque, de 20 mm, e, finalmente, um tanque com 85 mm de altura, que armazena a água da chuva.
Pequenos cilindros transportam a água armazenada de volta à superfície da grama artificial, onde ela evapora. “O processo de resfriamento evaporativo e ascensão capilar é controlado por processos naturais e condições climáticas, de modo que a água só evapora quando há demanda por resfriamento,” explicou van Huijgevoort.
A grama artificial convencional pode atingir temperaturas superficiais de até 70 °C em dias de sol quente, uma temperatura alta o suficiente para causar queimaduras e desencadear doenças relacionadas ao calor, que vão desde erupções cutâneas leves até condições potencialmente fatais, como insolação.
Em uma demonstração de campo realizada em Amsterdã, no dia mais quente do experimento a grama artificial arrefecida atingiu uma temperatura superficial de 37 °C, apenas 1,7 °C mais elevada do que a grama natural, enquanto as temperaturas superficiais da grama artificial convencional atingiram 62,5 °C.
Fica caro
As temperaturas também variaram no ar acima. “Encontramos temperaturas do ar mais baixas 75 centímetros acima da grama resfriada, em comparação com os campos convencionais de grama artificial, especialmente durante a noite,” disse van Huijgevoort. “Esta é a primeira indicação de que as áreas resfriadas contribuem menos para o efeito de ilha de calor urbano.”
Os custos de instalação, no entanto, podem ser até duas vezes mais caros do que os da grama artificial convencional. Os pesquisadores afirmam que deverá ser realizada uma análise de custo-benefício em grande escala para mostrar o verdadeiro valor do investimento.
Artigo: Climate adaptive solution for artificial turf in cities: integrated rainwater storage and evaporative cooling
Autores: Marjolein H. J. van Huijgevoort, Dirk Gijsbert Cirkel, Joris G. W. F. Voeten
Revista: Frontiers in Sustainable Cities
Vol.: 6
DOI: 10.3389/frsc.2024.1399858