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Antártica registra 40 graus acima da média e no Ártico, termômetros marcam mais de 30 graus do normal

Antártica registra 40 graus acima da média e no Ártico, termômetros marcam mais de 30 graus do normal

Nos últimos anos, com cada vez maior frequência, há registros de anormalidades climáticas nos polos da Terra. Em julho de 2021, em apenas um dia, a Groenlândia perdeu 8,5 bilhões de toneladas da camada de gelo. Dois anos antes, o país já tinha ganhado as manchetes mundiais quando apresentou temperatura 20oC acima da média, que chocou cientistas. Há poucos dias, novos eventos como esses foram observados tanto no Ártico como na Antártica, soando novamente o sinal de alerta entre pesquisadores.

Segundo cientistas da base de pesquisa franco-italiana Concordia, localizada a 3 mil metros de altura, na Antártica Oriental, na última sexta-feira (18/03), os termômetros locais apontaram uma temperatura 30oC acima da média para esta época do ano.

“É impossível, diríamos até dois dias atrás. A partir de hoje (18 de março) a climatologia da Antártica foi reescrita. Em Concordia a alta registrou -12,2°C e quebrou o máximo absoluto estabelecido em 17 de dezembro de 2016 (-13,7°C)”, disse Stefano Di Battista, especialista em clima.

Agora no fim do verão para o Hemisfério Sul e início de outono, as temperaturas já deviam estar em queda. Enquanto isso, no outro extremo do planeta, no Ártico, os termômetros também revelaram números bastante preocupantes, com 40oC acima do normal.

“São estações opostas. Você não vê o norte e o sul (polos) derretendo ao mesmo tempo. É definitivamente uma ocorrência incomum”, afirmou Walt Meier, pesquisador do National Snow and Ice Data Center, em Boulder, no Colorado (Estados Unidos), à agência de notícias Associated Press.

Em todo o planeta Terra, a área do Ártico é a que mais tem sofrido com o aquecimento global. O degelo no polo norte atingiu um nível alarmante: uma aceleração de 280% nas últimas quatro décadas.

No mês passado, os cientistas do Painel do Clima das Nações Unidas (IPCC, na sigla em inglês), fizeram projeções assustadoras em seu mais recente relatório. De acordo com a análise, no curto prazo, até 2040, a mudança climática causará aumentos “substanciais” nos riscos à humanidade e aos ecossistemas do planeta, alguns deles já inevitáveis devido às emissões históricas de gases de efeito estufa. Entre os citados está o Ártico, que pode entrar no chamado “ponto de virada”, a partir dos qual ele se transforma de maneira irreversível (leia mais aqui).

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Suzana Camargo
Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.