Amazônia brasileira perdeu área equivalente à Espanha em 40 anos

Um limiar crítico é apontado por pesquisadores: quando a perda de vegetação atinge entre 20% e 25%, a Amazônia pode perder sua capacidade de se sustentar como floresta tropical. O bioma está perigosamente próximo desse ponto de não retorno. Ultrapassá-lo desencadearia um processo de savanização, no qual grandes extensões da floresta úmida se transformariam em um ecossistema mais seco e pobre em biodiversidade.
A floresta amazônica no Brasil perdeu 13% de sua cobertura vegetal nativa nos últimos 40 anos, um território contínuo que equivale a toda a extensão da Espanha. Os dados, divulgados pela plataforma MapBiomas, revelam uma aceleração dramática da degradação que coloca o bioma à beira de um colapso irreversível. A progressiva substituição da mata por pastagens para a pecuária emerge como o principal vetor de destruição.
O estudo, baseado em análise de imagens de satélite entre 1985 e 2024, quantifica a perda em 49,1 milhões de hectares, uma área de dimensões continentais. A expansão da atividade pecuária foi identificada como o motor central do desmatamento, tendo aumentado quase cinco vezes no período analisado. Este modelo de uso do solo fragmenta a floresta e compromete sua capacidade de se regenerar.
Um limiar crítico é apontado por pesquisadores: quando a perda de vegetação atinge entre 20% e 25%, a Amazônia pode perder sua capacidade de se sustentar como floresta tropical. O bioma está perigosamente próximo desse ponto de não retorno. Ultrapassá-lo desencadearia um processo de savanização, no qual grandes extensões da floresta úmida se transformariam em um ecossistema mais seco e pobre em biodiversidade.
O ciclo de chuvas, essencial não apenas para a região Norte mas para o agronegócio e o abastecimento de água em todo o país, fica severamente comprometido com o avanço do desmatamento. A interrupção desse ciclo tem consequências climáticas de proporções continentais. Apesar de uma desaceleração no ritmo de desmate observada a partir de 2023, uma seca histórica alimentou incêndios florestais catastróficos, resultando em um aumento de 4% na destruição entre agosto de 2024 e julho de 2025.
A pressão sobre o bioma coloca o Brasil sob um foco internacional ainda mais intenso, uma vez que o país sedia a conferência climática da ONU, COP30, em novembro, na cidade de Belém, no coração da Amazônia. O país detém 60% da maior floresta tropical do planeta, um patrimônio compartilhado com mais oito nações. A conservação deste bioma é fundamental para o equilíbrio climático global.