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Aluno cria bandejas biodegradáveis com casca de mandioca e galho

Aluno cria bandejas biodegradáveis com casca de mandioca e galho

Projeto criado em aulas de Iniciação Científica transforma resíduos em solução que se decompõe em até 30 dias

Uma mistura de casca de mandioca com grimpa de araucária (galhos da tradicional árvore símbolo do Paraná) deu origem a bandejas biodegradáveis. O inventor é Lucas Tadao Sugahara Wernick, estudante do nono ano do Colégio Bom Jesus Centro, de Curitiba. A ideia surgiu em 2024, durante as aulas de Iniciação Científica, quando passou a investigar o destino de resíduos industriais.

“Casca de mandioca, grimpa da araucária (galhos da árvore) trituradas e cozidas com água.” Essa é a receita que Lucas desenvolveu e aperfeiçoou ao longo do último ano. O resultado é uma alternativa sustentável às bandejas de isopor ou plástico, que podem levar até 700 anos para se decompor na natureza. As bandejas biodegradáveis criadas pelo estudante levam apenas um mês para desaparecer completamente.

A ideia de reaproveitar os resíduos surgiu após visitas a indústrias processadoras de mandioca. Lucas ficou impressionado com o volume de descarte. “Em uma delas, o volume de moagem é de aproximadamente 140 mil toneladas de mandioca por mês, que geram 105 mil toneladas de resíduos, entre sólidos e líquidos, dos quais 25% (26 mil toneladas/mês) são bagaço ou massa residual”, conta o estudante. A partir daí, ele se perguntou: “se há sobras, por que não transformá-las em algo útil?”.

bandejas biodegradáveis
As bandejas criadas pelo estudante levam apenas um mês para desaparecer completamente. | Foto: Divulgação

Inicialmente, Lucas utilizou cola para dar consistência à bandeja, mas, após mais pesquisas, percebeu que a própria fécula da mandioca poderia exercer essa função. “Durante as pesquisas, eu fiz dois testes de biodegradabilidade. Em um deles, coloquei a mistura numa estufa caseira em que a amostra foi enterrada, e levou apenas 30 dias para degradar. No outro teste, em que a amostra foi deixada sobre o solo e exposta às intempéries, levou três meses”, explica o estudante.

Até agora, Lucas já produziu mais de 30 unidades das bandejas biodegradáveis. E o projeto não para. Com uma bolsa de estudos concedida pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) durante uma feira científica, ele pretende continuar os estudos e expandir a aplicação da mistura sustentável. “Eu vou continuar estudando e aproveitar a mistura para fazer placas de revestimentos sustentáveis para arquitetura, decoração e design”, afirma.

estudante cria bandeja
Produto é uma alternativa sustentável às bandejas de isopor ou plástico. Foto: Divulgação

O professor Cornélio Schwambach, orientador de Lucas no Colégio Bom Jesus, destaca a importância da Iniciação Científica para o desenvolvimento dos alunos. “Essas pesquisas também oportunizam ao aluno o contato com a pesquisa científica já desde o Ensino Fundamental e Médio”, ressalta.

Reconhecimento nacional

A trajetória de Lucas na ciência começou com um projeto anterior às bandejas biodegradáveis, em 2023, que utilizava a grimpa de araucária na produção de chapas de madeira aglomeradas. Com esse trabalho, participou de diversas feiras científicas e foi finalista em várias delas. Também recebeu o prêmio “Destaque de Empreendedorismo” nas feiras internas do colégio.

Iniciação Científica
Lucas com seu professor e orientador, Cornélio Schwambach. | Foto: Divulgação.

Em 2024, com o novo projeto das bandejas, o estudante foi convidado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para apresentar sua invenção na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), em Brasília. Entre os reconhecimentos, estão o certificado de “Pequeno Pesquisador Cientista”, concedido pelo Instituto Brasileiro da Ciência e Inovações (IBCI), o “Certificado de Votos de Congratulações e Aplausos” da Câmara Municipal de Curitiba, além de uma bolsa de pesquisa pelo Instituto Araucária, por meio do projeto “Napi faz Ciência”.

A trajetória de Lucas mostra como o incentivo à pesquisa científica pode transformar ideias simples em soluções sustentáveis com potencial de impacto real no meio ambiente.