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Alterações climáticas podem limitar prática de queimadas controladas

Alterações climáticas podem limitar prática de queimadas controladas

As queimadas controladas, feitas por ou sob a supervisão de profissionais habilitados, como bombeiros ou técnicos especializados, são uma prática usada há muito para eliminar sobrantes agrícolas e florestais e restolho, e até mesmo para estimular o rejuvenescimento do coberto vegetal numa dada paisagem.

No entanto, pelo menos no enquadramento legal atual em vários países, o uso controlado do fogo está sujeito a uma série de regras, sendo que não pode ser feito em determinadas condições meteorológicos, como tempo quente e seco e quando está muito vento. De outra forma, uma queimada que se quer controlada pode rapidamente transformar-se num incêndio de grandes dimensões.

Por outro lado, se for tentada em dias muitos húmidos, é provável que não haja combustão. Por isso, as queimadas controladas exigem um conjunto específico de condições.

Mas uma recente investigação liderada pela Universidade da Califórnia (UCLA), nos Estados Unidos da América, avisa que, por causa das alterações climáticas, os dias ideais para se fazerem queimadas controladas em segurança podem estar a diminuir.

Focando-se no contexto norte-americano, especialmente na região ocidental, os cientistas preveem que o número de dias em que estarão reunidas as condições favoráveis a essa prática pode cair, em média, 17% nos próximos 40 anos.

As maiores reduções deverão acontecer durante a primavera e o verão, mas no inverno pode assistir-se a um aumento de cerca de 4% no número de dias favoráveis, sugerem os investigadores num artigo publicado esta terça-feira na revista ‘Communications Earth & Environment’.

Daniel Swain, o primeiro autor do estudo, argumenta que os efeitos das alterações climáticas exigirão que as entidades responsáveis pela gestão das queimadas controladas se adaptem, sobretudo no que diz respeito à alocação de pessoal especializado, uma vez que as alterações das condições meteorológicas implicarão a reorganização da força de trabalho, bem como dos seus calendários.

“O aquecimento global reduzirá o número de dias favoráveis às queimadas controladas em todo o Oeste americano, mas o inverno, em particular, emergirá como uma altura cada vez mais favorável”, explica Swain.

Os investigadores dizem que o uso de queimadas controladas é essencial para atenuar os riscos de incêndios devastadores, mas a prática, e os que a gerem, devem saber adequar-se às novas realidades provocadas pelos efeitos das alterações climáticas. Embora a investigação se tenha cingido ao ocidente norte-americano, as lições e avisos podem ser estendidos as outras regiões do planeta.

“Antecipar futuras oportunidades e limitações do uso desta ferramenta permite às agências planearem com antecipação”, salientam.