Alerta no Atlântico: sistema de correntes oceânicas pode colapsar em 2026

Em cenários de altas emissões de carbono, o ponto de virada para o colapso pode ocorrer entre 2025 e 2076, com uma mediana no ano de 2055
Uma nova pesquisa alerta que um dos sistemas de correntes oceânicas mais importantes do mundo, vital para a regulação do clima global, caminha para um colapso dentro dos próximos 50 anos. O estudo, publicado no Journal of Geophysical Research: Oceans, utilizou um indicador físico inédito para prever o ponto de ruptura da Circulção de Revolvimento Meridional do Atlântico (AMOC).
A AMOC atua como uma esteira transportadora gigante, levando águas quentes para o norte e águas frias para o sul, moderando o clima de diversas regiões, especialmente o noroeste da Europa. O seu colapso traria consequências severas, incluindo invernos mais rigorosos, redução de chuvas e tempestades de inverno mais intensas naquela região.
Diferentemente de métodos anteriores que se baseavam na temperatura superficial do oceano, o novo indicador analisa mudanças no fluxo de flutuabilidade (Bflux) numa área crítica do Atlântico Norte, entre os paralelos 40°N e 65°N. A aplicação deste parâmetro em 25 modelos climáticos distintos revelou um cenário preocupante.
Em cenários de altas emissões de carbono, o ponto de virada para o colapso pode ocorrer entre 2025 e 2076, com uma mediana no ano de 2055. Mesmo em trajetórias intermediárias de emissões, a projeção aponta para um colapso entre 2026 e 2095, com mediana em 2063. Os pesquisadores enfatizam que, uma vez iniciado, o processo de colapso leva mais de um século para se completar, mas as alterações climáticas durante essa transição seriam drásticas.
O estudo admite limitações, como a não inclusão do derretimento acelerado da camada de gelo da Groenlândia, um fator que poderia acelerar a destabilização da AMOC. Apesar disso, as conclusões soam como um aviso severo sobre a necessidade de ação climática urgente. Manter a sociedade global no caminho de um cenário de baixas emissões surge como a única estratégia para limitar os riscos de um colapso iminente e desenvolver planos de adaptação para um futuro radicalmente diferente.