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Agricultura brasileira vai poder medir sua sustentabilidade

Agricultura brasileira vai poder medir sua sustentabilidade

A ferramenta Taxonomia Brasileira de Sustentabilidade busca estabelecer critérios para mensurar as ações sustentáveis dos agricultores

Em 31 de outubro o Governo Federal publicou o Decreto nº 12.705/2025 que estabeleceu oficialmente a Taxonomia Brasileira de Sustentabilidade (TBS), uma ferramenta importante para classificar as ações empreendidas na agropecuária quanto aos processos de produção ambientalmente sustentáveis. Entre as muitas funcionalidades e vantagens da TBS, que vai ser implementada a partir de 2026, estará a facilitação para quem produz com sustentabilidade no acesso de linhas de crédito mais vantajosas junto a instituições bancárias.

Assim como o Brasil poderá comprovar com mais transparência que está cumprindo compromissos internacionais de redução das emissões de gases de efeito estufa e descarbonização, e, inclusive, evitar eventuais barreiras ambientais no mercado externo ou viabilizar investimentos internacionais para a agropecuária brasileira.

O tema taxonomia no contexto do financiamento verde, da rastreabilidade e o papel dos investidores e bancos neste processo esteve em debate no evento Agro em Código 2025 – Summit de Rastreabilidade no Agronegócio, promovido pela Associação Brasileira de Automação Brasil (GS1), na semana passada, em São Paulo. “O que é sustentável ou não”, resumiu Paulo André Camuri, gerente de Clima e de Inteligência de Dados do Imaflora, o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola, o que a taxonomia vai esclarecer e, assim, listar “itens financiáveis” para os bancos que concederão linhas de financiamento para iniciativas sustentáveis.

Além disso, esclareceu, será possível uma análise econômica para que os mais sustentáveis terem mais chances de acessar mercados que valorizam tais atributos.

João Adrien, economista do Itaú BBA, destacou que pelo mecanismo o banco terá mais clareza ao conceder crédito a iniciativas sustentáveis no campo. “No momento em que se tem a taxonomia, temos referência do que é sustentável”, esclareceu.

“Em que estágio está, em que ponto o produtor está”, lembrou o que a ferramenta vai apontar em relação às ações ambientais aplicadas nas propriedades agrícolas. “O que é sustentável de cada um. Começa a criar critérios mais objetivos”, complementou o executivo, e lembrou que a taxonomia vai possibilitar diversas formas de monitoramento quanto a sustentabilidade.

Ambiente brasileiro

O CEO do Instituto Equilíbrio, Eduardo Bastos, fez uma comparação entre um carro e uma picanha, pois no primeiro caso do total de suas emissões apenas 5% ocorre após a chegada do produto ao mercado, enquanto a carne emite 98% antes de deixar a fazenda. Ou seja, é nesta etapa que deve ser feito o monitoramento das emissões. E, portanto, para a mensuração são necessários critérios estabelecidos para o ambiente de produção brasileiro.

“(Mas) Todas as métricas foram desenvolvidas no Hemisfério Norte”, advertiu. “Só vale se for validado por alguém do Hemisfério Norte”, lamentou. “A gente entrou mais tarde e as regras estavam prontas”, acrescentou. Portanto, a agricultura brasileira, por ser praticada em ambiente tropical, precisa de parâmetros próprios. E neste contexto, Bastos ainda esclareceu que a “rastreabilidade é vital”.