A ilha que cultiva o futuro: no coração da Amazônia, mudas salvam espécies e restauram florestas
Um laboratório vivo no meio do reservatório de Tucuruí protege o DNA da floresta, fortalece comunidades e planta esperança — uma semente de cada vez
Em pleno coração pulsante da Amazônia, cercada por águas que refletem o céu e a coragem de quem insiste em preservar o que nos resta, existe uma ilha onde árvores centenárias guardam segredos e o futuro nasce em pequenas bandejas de mudas. Não é ficção científica, não é utopia: é a Ilha de Germoplasma, no Lago de Tucuruí, no Pará — um verdadeiro santuário da biodiversidade com pouco mais de 129 hectares, tamanho equivalente a 150 campos de futebol.
Ali, a vida explode em silêncio: são cerca de 100 mil árvores de 220 espécies nativas convivendo com antas que chegam a 320 quilos, bandos de macacos e outras criaturas que se beneficiam de um ecossistema praticamente intocado. As testemunhas mais antigas dessa resistência são um piquiá de 250 anos e uma castanheira de 200 anos — guardiãs da memória da floresta.
Mas o mais surpreendente dessa ilha não é apenas existir — é o que ela, de fato, significa.
Um banco genético que protege o próprio DNA da Amazônia
Criada estrategicamente pela AXIA Energia dentro do Programa Germoplasma Florestal, a ilha funciona como um laboratório natural para:
- Conservar espécies ameaçadas
- Multiplicar plantas nativas com alto valor ecológico e econômico
- Reflorestar áreas degradadas na região e em todo o Brasil
- Apoiar a sobrevivência de comunidades que vivem da terra
Os números impressionam:
37 milhões de sementes e 800 mil mudas produzidas em 20 anos
Mais de 15 mil árvores plantadas, equivalente a 66 mil campos de futebol reflorestados
7,5 milhões de sementes e 90 mil mudas só em 2025
21,1 milhões de sementes doadas para pequenos produtores desde 2005
E o impacto chega na mesa — e no bolso — de quem vive ali.
“Hoje tenho mais de 2.200 pés de cacau dando fruto. A venda ajuda a sustentar minha família e ainda sobra um pouquinho”,
conta João de Souza, agricultor beneficiado pelo programa.
Plantar árvores, sim. Mas também plantar autonomia
A ilha cultiva mudas que são — literalmente — raízes de futuro:
Espécies ameaçadas (mogno, acapu, angelim, paricá…)
Frutos regionais (cupuaçu, açaí, bacuri, castanha, cacau…)
Plantas medicinais (andiroba, copaíba…)
Árvores que capturam carbono e regulam o clima
Um trabalho minucioso no laboratório seleciona sementes por:
✔ pureza
✔ germinação
✔ peso
✔ umidade
Ou seja: cada semente entregue já carrega o que há de melhor na genética amazônica.
O diretor de Licenciamento Ambiental e Condicionantes da AXIA Energia, Jader Fernandes, resume bem:
“Algumas dessas espécies quase não existem mais na natureza. Aqui, elas ganham outra chance”.
Outro detalhe fascinante: o bioma amazônico é tão diverso que suas espécies podem ser doadas para apoiar o reflorestamento em todo o Brasil. É como se a Amazônia dissesse: eu cuido de todos vocês.
Uma ilha que respira, se move e abre caminhos para os animais
Durante a seca, a ilha liga-se ao continente por uma estreita faixa de terra. Isso aumenta o fluxo de fauna: macacos, queixadas, aves, roedores… um desfile da vida silvestre.
A Ilha de Germoplasma está inserida dentro da Área de Proteção Ambiental do Lago de Tucuruí, reforçando sua vocação: ser refúgio, ser berço, ser ponte para o amanhã.
O que acontece ali ecoa no planeta
Reflorestar não é um gesto local — é um recado global.
Cada muda plantada pode:
- Capturar carbono por décadas
- Restaurar solos esgotados
- Melhorar a qualidade da água
- Trazer de volta polinizadores e biodiversidade
- Preparar comunidades para os impactos climáticos
E tudo isso com um toque humano: gente trabalhando para manter viva a floresta que mantém vivos todos nós.
“Conservar o DNA da Amazônia significa conservar o equilíbrio do planeta”,
afirma Antônio Pardauil, presidente da AXIA Energia na região Norte.

Um laboratório do amanhã — acessível hoje
A pergunta que fica é simples:
Como uma ilha tão pequena consegue impactar uma floresta tão grande?
Porque, lá, cada ação tem propósito.
Cada semente é uma promessa.
Cada árvore é uma vitória contra o desmatamento.
E a Amazônia — tão falada, tão ameaçada — ganha um ponto extra de resistência. Uma fortaleza viva. Uma ilha que não se conforma em sobreviver: ela insiste em nos ensinar a recomeçar.
Se existe um lugar no mundo que prova que o futuro pode ser plantado, esse lugar é uma ilha no meio da Amazônia
Não é apenas uma ilha de mudas.
É uma ilha de esperança.
E o mundo precisa — urgentemente — desse tipo de esperança.
