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O desafio que nem a COP30 conseguiu resolver: o comportamento das pessoas diante do lixo

O desafio que nem a COP30 conseguiu resolver: o comportamento das pessoas diante do lixo

Claudia Pires, especialista em ESG e ciência do comportamento e Fundadora da SO+MA, está em Belém acompanhando a conferência e relata cenas que expõem a distância entre infraestrutura e cultura sustentável

No maior evento climático do planeta, a COP30, que ocorre pela primeira vez na Amazônia, a infraestrutura salta aos olhos com espaços amplos e uma organização pensada para garantir a sustentabilidade nos detalhes. Mas, segundo Claudia Pires, especialista em ESG e ciência do comportamento e CEO da SO+MA, que está em Belém acompanhando as discussões, o que se vê nas áreas de descarte de resíduos revela um desafio ainda mais profundo: o comportamento humano.

“As lixeiras estão espalhadas, identificadas e visíveis, mas as pessoas continuam jogando o reciclável no orgânico e o compostável no reciclável. E essa é uma contradição difícil de ignorar, especialmente em um evento que reúne líderes globais, especialistas, cientistas e executivos comprometidos com o futuro do planeta. Se até em um ambiente como a COP, onde a mudança do clima é o tema central, ainda não conseguimos adotar gestos básicos como destinar corretamente um material que acabamos de consumir, o que esperar do cotidiano fora daqui? Infraestrutura não é cultura”, relata Claudia.

A cena observada por ela dentro da COP30 expõe uma contradição que vai além do evento que, apesar de avanços em políticas públicas e investimentos em infraestrutura, o Brasil ainda patina quando o assunto é cultura para economia circular. “Temos lei, temos estrutura, mas falta o terceiro pilar: a cultura”, reforça a CEO da SO+MA.

De acordo com a executiva, criar cultura é transformar consciência em hábito. “Quando separar o lixo deixa de ser uma decisão pontual e vira um reflexo natural, é sinal de que estamos evoluindo. Mas isso só acontece com educação, incentivo e transparência sobre o impacto de cada ação”, explica.

Cláudia, que também é fundadora da SO+MA, startup brasileira dedicada à economia circular e à mudança de comportamento, acredita que o uso da tecnologia pode acelerar essa transformação. “Dados e plataformas podem mostrar o valor real da participação de cada pessoa e gerar engajamento de forma contínua. É assim que se constrói hábito para circularidade”, completa. Al Gore em sua palestra hoje reforça “você só consegue gerenciar o que você consegue medir”.

O que ela presencia na COP30 reforça uma mensagem que defende há anos que a transição verde não depende apenas de infraestrutura e legislação, mas de pessoas dispostas a mudar atitudes. “Nesse campo invisível, o do comportamento humano, que a sustentabilidade realmente começa”, finaliza Claudia Pires.

Sobre a SO+MA

A SO+MA é uma startup brasileira que transforma comportamentos e gera impactos socioambientais mensuráveis. Especializada em soluções tecnológica para sustentabilidade, a empresa já reciclou mais de 5,1 mil toneladas de resíduos e evitou a emissão de 12,8 milhões de quilos de CO2, beneficiando mais de 52 mil pessoas.

Com foco em inovação, a SO+MA oferece plataformas SaaS personalizadas e lidera iniciativas como o programa Empreendedoras da Reciclagem, voltado à capacitação de mulheres na economia circular. Atualmente, atende a 14 clientes e planeja consolidar sua posição como referência em tecnologia para sustentabilidade no Brasil e no mundo.