Eu vi, e você?

*Gualberto Freire de Santana, Diretor Executivo do Espaço Ecológico
Há 21 anos, tive a felicidade de ouvir uma criança de 11 anos perguntar, em um programa ao vivo na Rádio Tabajara AM 1110, como se faz um clone. Naquela oportunidade, entendi que o rádio era, e ainda é, um instrumento de educação — embora poucos assim o compreendam e apoiem a disseminação de assuntos educativos.
Convidei então alguns jornalistas para discutir a elaboração de um programa radiofônico que tivesse como foco a educação ambiental, algo inédito no rádio nacional. A ideia evoluiu e, com muito esforço, colocamos no ar um programa com apoio de uma equipe de profissionais qualificados, viabilizando um projeto voltado à educação ambiental, à sustentabilidade e à qualidade de vida.
Durante todo esse tempo, tivemos a oportunidade de comprovar resultados concretos, como o caso de uma escola no município de Lucena que implantou conteúdos veiculados no programa Espaço Ecológico, transmitido na Rádio Tabajara FM 105,5. Vários exemplos semelhantes foram registrados, inclusive com a participação de ouvintes de outros estados do país e até do exterior.
Hoje, às vésperas da COP 30, que será realizada em Belém para discutir as questões climáticas que atingem o planeta, tive a felicidade de observar um gesto simbólico: um cidadão comprou, em uma conveniência, um café em copinho descartável para levar à sua companheira, que o aguardava do outro lado da rua. Até aí, um simples gesto de gentileza — tão raro nos dias de hoje. Porém, para minha surpresa (e também da atendente, a quem chamei a atenção para o ato), após a companheira tomar o café, o rapaz caminhou cerca de 10 metros até a lixeira para descartar o copo corretamente.
Para quem teve a felicidade de criar um programa radiofônico de educação ambiental, foi uma grata surpresa. Talvez aquele cidadão nunca tenha escutado o Espaço Ecológico, mas sua atitude traduziu, na prática, o foco do programa: a educação ambiental.
Com certeza, chegará o dia em que gestos como esse se tornarão corriqueiros em um mundo tão frágil em termos de sobrevivência