Anchor Deezer Spotify

A regra dos 3 segundos para comida que cai no chão funciona?

A regra dos 3 segundos para comida que cai no chão funciona?

Especialistas explicam por que a “regra dos 3 segundos” não garante segurança alimentar e alerta para os riscos de contaminação invisíveis.

Você é do time que confia na famosa regra dos três segundos quando a comida cai no chão? Ainda dá aquela assoprada antes de comer? Pois então, esta matéria vai tirar sua dúvida: será que essa prática realmente funciona? De acordo com Heytor Neco (@prof.heytorneco), biólogo e professor dos cursos da área da saúde da UNINASSAU Recife, campus Graças, não tem um tempo de duração seguro para contaminar o alimento.

“As bactérias elas não vão ficar aguardando nem três, nem cinco segundos para poder contaminar algo. Claro que quanto maior o tempo ali, mais bactérias vão passar para o alimento, mas elas podem contaminar algo praticamente instantaneamente, em menos de um segundo, isso dependendo de qual for o tipo de alimento. Isso quer dizer o quê? O tipo de alimento, a superfície onde ele cai, também vão estar associados”, contou.

O biólogo explica que a umidade do alimento é essencial para que as bactérias consigam se transferir de uma superfície para ele. Como exemplo, afirma que alimentos úmidos, como pão com requeijão, manteiga ou frutas, se contaminam com mais facilidade do que uma bolacha ou biscoito, que são secos. Isso dificulta a contaminação, mas não a torna impossível.

“Se eu ingerir algum alimento que caiu no chão, vou ficar doente?” Não necessariamente, segundo Heytor Neco: “Primeiro, porque se a pessoa for saudável, com um sistema imunológico funcionando bem, ou seja, se ela for imunocompetente, o organismo consegue combater a infecção sem apresentar sintomas, o que ajuda a evitar que a pessoa fique doente.”

🤔 Porém!

Segundo a nutricionista e professora de Nutrição da UNINASSAU Recife, campus Boa Viagem, Fabiana Camargo, ingerir alimentos que possam estar contaminados pode levar a diversas consequências negativas para saúde. Desde sintomas leves de intoxicação alimentar até graves, como diarreia, vômito, cólicas, dores de cabeça, perda de peso, além de desidratação.

Gastroenterite: o que comer e o que evitar — Foto: Shutterstock

Gastroenterite: o que comer e o que evitar — Foto: Shutterstock

Outras doenças bacterianas, virais ou parasitárias, caso de salmonelose, hepatite A e toxoplasmose também são possíveis ser transmitidas. Na visão de Heytor, apesar de ser baixo, o risco existe. Ele depende do tipo de microrganismo presente, do tempo que o alimento ficou no chão e do nível de contaminação da superfície.

Além disso, em pessoas imunodeprimidas, como crianças e idosos, o risco é consideravelmente maior. No caso das crianças, o sistema imunológico ainda está em desenvolvimento; nos idosos, pode estar enfraquecido.

Também é possível que o sistema imunológico, mesmo em adultos, esteja funcionando abaixo do ideal. Por isso, não há garantia de total limpeza em nenhuma superfície, e não é recomendado consumir alimentos que tenham caído no chão.