8 iniciativas pelo mundo que produzem revestimentos sustentáveis com resíduos

De plásticos a restos de construção, empresas e profissionais ao redor do mundo têm transformado materiais descartados em soluções criativas e ecológicas para arquitetura e design
No âmbito da pesquisa, o que antes era descartado ganha status de valor. A partir do recorte de sustentabilidade, revestimentos feitos com resíduos de diferentes indústrias provam como a economia circular pode ser traduzida em beleza, inovação e responsabilidade ambiental. Selecionamos oito superfícies que vestem a arquitetura com propósito, confira a seguir!
1. Inovação cromática
Na vanguarda da economia circular, a superfície sólida Durat nasceu há 30 anos, na Finlândia, feita com até 50% de plástico reciclado excedente de indústrias. De lá para cá, a marca manteve seu compromisso com a inovação, que culminou no lançamento recente da Durat Plus, primeira superfície sólida do mundo a combinar resina PET reciclada com material composto reciclado; além da coleção Murumuru, que reaproveita grânulos do próprio Durat.
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“Nossas operações não são guiadas apenas por regulamentos existentes. Já operávamos segundo os princípios da economia circular antes mesmo de o termo existir”, afirma o CEO Heikki Karppinen. Hoje, o catálogo oferece mais de 300 cores, que podem ser aplicadas em bancadas, paredes, móveis sob medida, entre outros.
2. Traços da água
Durante a Semana de Design de Milão 2025, o projeto Trace of Water, ambientado no Palazzo Litta, ficou entre os finalistas na categoria Sustentabilidade do Fuorisalone Award 2025. A colaboração entre o laboratório de design japonês HONOKA e a empresa Aqua Clara reaproveitou garrafas plásticas de água para a criação de sete materiais, incluindo o azulejo Amatsuyu.
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“Ao triturá-las e aquecê-las em um forno, criamos uma textura granulada que lembra gotas de chuva. A translucidez resultante e a superfície irregular difundem a luz de forma suave, tornando o azulejo ideal para a aplicação em interiores, como revestimentos de parede ou elementos de iluminação”, afirma Moritaka Tochigi, co-CEO do HONOKA.
3. Tudo em casa
A linha de concreto arquitetônico Matéria, da Castelatto, reutiliza o pitcher, resíduos de louças sanitárias da Deca, ambas marcas pertencentes à companhia Dexco.
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“Peças que seriam descartadas por apresentarem defeitos estéticos são trituradas e incorporadas à massa do produto, resultando em um revestimento com textura rica, aparência natural e excelente desempenho técnico”, explica Marina Crocomo, diretora de Marketing e Design da Dexco. Disponível em formato brick, 10 x 10 cm ou 7,50 x 3 cm (à direita); e piso, 1 x 1 m e 60 x 60 cm.
4. Costura escológica
A partir de um desafio proposto por uma empresa têxtil — aproveitar o resíduo mensal de três toneladas de botões — nasceu o ladrilho cimentício Loop, da Palazzo Revestimentos.
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“Ao ser incorporado à massa, o botão tende a flutuar, dificultando o processo do acabamento tipo terrazzo, em que os elementos agregados ficam expostos após o lixamento da superfície. Diante desse desafio, a solução encontrada foi inverter o processo: realizar o lixamento no tardoz das peças, permitindo que os botões apareçam de forma controlada e estética”, conta Antônio Bogo, diretor e fundador da Palazzo. Disponível no formato 20 x 20 cm.
5. Biodesign social
Depois do sucesso do cobogó Mundaú, em 2021, e do revestimento Solar, em 2024, o projeto Sururu: Conchas que Transformam, criação conjunta dos designers Marcelo Rosenbaum e Rodrigo Ambrósio para a Portobello, ganha sequência com o revestimento Fita.
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A iniciativa reaproveita as cascas do molusco sururu e contribui para alavancar a economia da comunidade do Vergel, em Maceió, onde o resíduo gerado pela pesca chega a mais de 300 toneladas/mês.
“O tom neutro e sólido do concreto compõe a superfície ao lado de um relevo texturizado com os detalhes furta-cor da biomatéria”, detalha Chris Ferreira, CCO do Portobello Grupo. Disponível nas variações Fita Larga, Fita Fina e Fita Tripla, 20 x 20 cm.
6. Pensamento criativo
Em um processo meticuloso e artesanal, a ecodesigner belga Mathilde Wittock corta cada bola de tênis, limpa e tinge com corantes atóxicos. Suas metades são, então, encaixadas em um suporte de madeira ou plástico reciclado para criar um painel acústico modular, o Soundbounce.
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“Cada metro quadrado requer cerca de 283 bolas de tênis. Em poucos meses, já reaproveitamos mais de 40 mil”, celebra. Atualmente, ela está dedicada ao desenvolvimento de um novo material, o Soundroot, feito a partir de raízes de plantas de crescimento rápido.
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“Ele é acústico e biodegradável, e as plantas são cultivadas localmente, a partir de sementes resilientes que não competem com a produção de alimentos. Quero mostrar que a natureza pode ser uma verdadeira aliada na inovação de materiais”, conclui.
7. Foco local
A empresa tailandesa Sonite Innovative Surfaces dedica-se exclusivamente à criação de materiais inovadores, ecológicos e sustentáveis. Seu carro-chefe é a linha Husk, feita a partir de cascas de arroz, comumente descartadas no processo de beneficiamento.
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“Começamos identificando o potencial de subprodutos naturais, como a casca de arroz e a fibra de coco, abundantes na Tailândia”, explica Kanokphorn Charoenpan, executiva de vendas internacionais na Sonite. O biomaterial pode ser transformado em revestimentos estéticos e funcionais, no formato de mosaico ou superfície sólida.
8. Moda consciente
Em resposta ao descarte de 4 milhões detoneladas de resíduos têxteis ao ano, a Lepri desenvolveu o revestimento Olaria Índigo, que reaproveita sobras da fabricação de jeans Damyller. A base cimentícia incorpora ainda plástico moído e pó de lâmpadas fluorescentes – dois materiais reciclados já utilizados em outras linhas.
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“O maior desafio foi encontrar a proporção ideal de fibras, o equilíbrio entre estética e resistência. Pouca fibra comprometeria a durabilidade; em excesso, prejudicaria o acabamento”, destaca Ludmila Lepri, diretora de marketing da Lepri. Disponível no formato 7 x 7 cm.