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46% das moradias no Brasil têm algum tipo de privação de saneamento básico

46% das moradias no Brasil têm algum tipo de privação de saneamento básico

Pesquisa com base em dados do IBGE revela que 12% das moradias brasileiras não têm acesso à rede geral de água; veja mais dados

Um novo estudo lançado neste mês de novembro mostra que cerca de 46% das moradias no Brasil têm algum tipo de privação de saneamento básico. Isso inclui falta de oferta adequada de água potável, banheiros, coleta e tratamento de esgoto.

A pesquisa foi lançada pelo Instituto Trata Brasil, organização da sociedade civil que busca a universalização do saneamento básico no país. O estudo é uma parceria com a EX ANTE Consultoria Econômica e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).

O levantamento se baseia em dados de 2013 a 2022 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continuada Anual (PNADCA), produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os resultados apontam que cerca de uma a cada duas moradias brasileiras convivem diariamente com algum tipo de privação no saneamento.

A pesquisa considera cinco categorias de privações: frequência de recebimento insuficiente de água potável; disponibilidade de reservatório; privação de acesso à rede geral de água; privação de banheiro; e privação de coleta de esgoto.

Gráfico mostra porcentagem de moradias no Brasil que viveram com privações de saneamento em 2022 — Foto: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica
Gráfico mostra porcentagem de moradias no Brasil que viveram com privações de saneamento em 2022 — Foto: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica

Das 74 milhões de moradias do nosso país, quase 9 milhões não possuem acesso à rede geral de água. Além disso, quase 17 milhões contam com uma frequência insuficiente de recebimento; cerca de 11 milhões não possuem reservatório de água; aproximadamente 1 milhão não possuem banheiro; e 22 milhões não contam com coleta de esgoto.

“O estudo mostra os grandes desafios que ainda temos para universalizar essas modalidades de infraestrutura no país”, afirma Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, em comunicado. “O problema afeta de maneira contundente as jovens famílias brasileiras, muitas das quais vivendo abaixo da linha da pobreza, que além de tudo adoecem mais graças a essa falta de infraestrutura”.

Falta de água

Distribuição da população com privação de abastecimento de água por rede geral segundo faixa de renda domiciliar em 2022 — Foto: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica
Distribuição da população com privação de abastecimento de água por rede geral segundo faixa de renda domiciliar em 2022 — Foto: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica

Em 2022, 12% das residências brasileiras não estavam ligadas à rede geral de abastecimento de água tratada, conforme a pesquisa.

O problema da falta de rede de água afetou cerca de 27,27 milhões de pessoas, das quais 35% estavam localizadas nos estados do Nordeste brasileiro, totalizando 3,117 milhões de residências em 2022.

Moradias e população com privação de abastecimento de água por rede geral, em porcentagem dos totais, 2022 — Foto: : PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica
Moradias e população com privação de abastecimento de água por rede geral, em porcentagem dos totais, 2022 — Foto: : PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica

Percentualmente, os cinco piores estados com esta modalidade de privação, considerando moradias e a população, foram Amapá, Rondônia, Pará, Acre e Paraíba (localidades no Norte e Nordeste). Já São Paulo, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul (no Sudeste, Centro-Oeste e Sul) foram os cinco melhores estados, apresentando o menor índice percentual de falta de rede de água.

Porém, nem sempre a presença de uma rede geral de distribuição significou acesso à água. Em 2022, havia 16,896 milhões de moradias que, a despeito de estarem ligadas à rede, não recebiam água diariamente. Esse número correspondeu a 22,8% do total de residências no país.

Além disso, a pesquisa mostrou que 10,856 milhões de moradias não tinham reservatórios de água em 2022, o que representa 14,7% do total de residências no Brasil.