Árvore de Natal artificial ou verdadeira: qual é a mais sustentável para a natureza?
As árvores artificiais existem há mais tempo do que você imagina, mas como elas se comparam às árvores verdadeiras em termos de sustentabilidade e saúde?
As árvores de Natal artificiais fazem parte de uma das festividades mais populares do mundo há séculos. Elas evoluíram de pequenas árvores feitas de metal para réplicas feitas de plástico e com uma aparência incrivelmente realista – como as que se vê hoje. Mas qual árvore de Natal seria a mais adequada pensando em sustentabilidade e benefícios para o planeta? A resposta passa por vários pontos.
Nas últimas décadas, houve uma mudança constante no consumo em direção às árvores artificiais. No Reino Unido, por exemplo, registrou-se uma das maiores transformações nesse comportamento de compra, com 61% dos adultos planejando montar uma árvore artificial contra apenas 20% que escolheram uma árvore real.
Já nos Estados Unidos, por sua vez, mais americanos celebrarão com uma árvore artificial, em uma proporção de 46% contra 26%, segundo dados de uma pesquisa de 2024 da Statista Consumer Insights (um portal de pesquisas sobre consumo).
Mas por que as pessoas passaram a usar árvores artificiais? E como elas se comparam às árvores reais em termos de sustentabilidade e até mesmo de saúde? National Geographic investigou as principais dúvidas sobre este ícone natalino.

Uma jovem sentada ao lado de sua árvore de alumínio no dia de Natal, na década de 1970. As primeiras versões das árvores de Natal artificiais tendiam a ser essas variedades diminutas de mesa.
Foto de Martyn Evans, Alamy
Por que celebramos o Natal usando árvores artificiais?
Assim como as árvores de Natal naturais, as árvores artificiais surgiram na Alemanha. Mas sua criação veio por necessidade. “As árvores naturais apresentavam problemas e os inventores buscaram maneiras de resolvê-los, criar algo melhor e lucrar com isso”, diz Chris Cascio, curador do Hagley Museum and Library, entidade em Wilmington, no estado norte-americano do Delaware.
Uma dessas questões era o desmatamento, que levou à escassez de árvores de Natal reais no século 19. Para manter as festas alegres e animadas, os alemães criaram suas próprias árvores, organizando hastes de metal como galhos e enfeitando-as com penas de pássaros — todas pintadas de verde, é claro.
Esse protótipo inicial de árvore de Natal artificial logo se espalhou pela Inglaterra vitoriana, pelos Estados Unidos e por outras nações que celebravam o Natal.
Pessoas em todo o mundo também começaram a se preocupar com o perigo de incêndios domésticos causados por galhos secos. Em 1899, o jornal “Minneapolis Times” apelou: “Agora é a hora de algum inventor se apresentar com uma árvore de Natal de arame que garanta um presente para cada membro da família e seja absolutamente à prova de fogo”.

Vista aérea de uma floresta perene coberta de neve nas montanhas Goodsir, na Colúmbia Britânica, Canadá. As árvores de Natal artificiais surgiram no final do século 19, em resposta às preocupações com o desmatamento.
Foto de Peter Essick, Nat Geo Image Collection
Como eram feitas as primeiras árvores de Natal artificiais? Tinha até cabelo reutilizado
Mas os inventores já estavam trabalhando nisso. A primeira patente nos Estados Unidos para uma árvore artificial foi concedida a August Wengenroth, da cidade de Troy, em Nova York, no ano de 1882. Ele era apenas um dos muitos inventores ao redor do mundo.
Os primeiros inventores criaram árvores falsas com todos os tipos de materiais: troncos de madeira ou metal que podiam segurar galhos reais cortados ou toques artificiais, como “folhagem” de papel alumínio verde, árvores feitas de cabelos reutilizados ou escovas de vaso sanitário de arame e “árvores de enfeites” feitas de alumínio que podiam até ser iluminadas por uma roda de cores que mudava de tonalidade à medida que girava.
Mas, à medida que a década de 1960 chegava ao fim e o alumínio estava em declínio, havia um interesse crescente por árvores realistas e um homem estava pronto para aproveitar o momento: Si Spiegel, um ex-piloto de bombardeiro da Segunda Guerra Mundial. Spiegel era mecânico na empresa The American Brush Machine Company, que havia tentado, sem sucesso, durante anos, reutilizar suas escovas para árvores de Natal — até que Spiegel, usando árvores reais como modelos, finalmente conseguiu o processo.
A partir disso, Spiegel recebeu sua própria divisão da empresa, chamada American Tree and Wreath, e na década de 1970 ela já produzia 800 mil árvores por ano — uma a cada quatro minutos. “Não foi apenas o fato de ele ter projetado a maquinaria para fabricar árvores de melhor qualidade, rapidamente e com menos despesas”, explica Cascio. “Ele fez isso no momento certo — justamente quando os americanos estavam prontos.”

Você consegue dizer qual desses galhos vem de uma árvore de Natal real e qual é artificial? (Dica: as agulhas de uma árvore real têm pontas arredondadas.)
Foto de Rebecca Hale, National Geographic
O que é mais sustentável: árvores de Natal verdadeiras ou artificiais?
Você já deve ter ouvido pessoas discutindo sobre qual tipo de árvore é realmente mais ecológica: as reais ou as artificiais. Alguns argumentam que é preciso comparar a pegada de carbono das árvores reais com a das artificiais, que podem ser usadas e reutilizadas por décadas.
Mas os especialistas dizem que o carbono é apenas parte dessa tradição natalina.
“Estima-se que existam 15 mil fazendas de árvores de Natal somente nos Estados Unidos, quase todas de propriedade e administração familiar”, afirma Bert Cregg, especialista em produção de árvores de Natal e silvicultura da Universidade Estadual de Michigan. Todos os anos, essas fazendas plantam muito mais árvores novas do que as 25 a 30 milhões vendidas no Natal.
Assim, em vez de contribuírem para o desmatamento, como faziam no século 19, as árvores naturais estão cultivando florestas que abrigam a vida selvagem, protegem bacias hidrográficas, mantêm a terra fora do desenvolvimento e atuam como importantes absorvedores naturais de dióxido de carbono. Por essas razões, diz Cregg, a sustentabilidade ambiental, econômica e social produz “um grande sucesso para as árvores reais”.
Enquanto isso, as árvores artificiais são feitas de plástico e metal e requerem processos de produção que consomem muita energia. Além disso, a maioria é produzida na China e depois enviada para o Exterior.
Por outro lado, elas têm uma vida útil muito mais longa do que as árvores naturais de uma única estação. Mas não está claro exatamente por quanto tempo você precisa manter uma árvore artificial para compensar sua pegada de carbono em comparação com a alternativa natural: as estimativas variam drasticamente de cinco anos a duas décadas.
“Muitas vezes, tudo se resume a quais suposições são feitas sobre quantas vezes a árvore artificial é reutilizada e se a árvore real é reciclada”, diz Cregg. Muitas comunidades têm programas que transformam árvores reais em cobertura morta ou compostagem.
Enquanto isso, as árvores artificiais não são recicláveis e acabam indo para aterros sanitários — embora Mac Harmon, CEO da Balsam Hill, uma empresa fornecedora de árvores artificiais, diga que espera encontrar uma maneira de reciclar árvores artificiais no futuro.
“Quando se trata de escolher uma árvore, não há realmente nenhuma escolha ruim.”
A árvore de Natal artificial tem produtos químicos?
Os cientistas continuam descobrindo mais sobre como os pesticidas, produtos químicos e microplásticos prejudicam a saúde, mas será que tudo isso também se aplica às árvores que vêm parar dentro de casa para as celebrações?
Nesse sentido, ainda não há uma resposta definitiva para árvores reais ou artificiais. Mas algumas coisas já estão confirmadas.
Enquanto crescem, as árvores de Natal naturais são tratadas com vários herbicidas, pesticidas ou fungicidas que estão associados a vários danos à saúde e ao meio ambiente. Embora ainda haja muito a ser descoberto sobre seus possíveis impactos à saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou alguns desses inseticidas como prováveis carcinógenos.
É sempre possível considerar comprar uma árvore orgânica se estiver preocupado com os possíveis impactos desses produtos químicos agrícolas. Por outro lado, as árvores de Natal artificiais são frequentemente feitas com cloreto de polivinila (PVC), um plástico que contém um grupo de substâncias químicas que causam distúrbios endócrinos, chamadas ftalatos, que são usadas para amaciar a vegetação artificial e produzir uma sensação realista.
A U.S. Environmental Protection Agency (da sigla EPA), a agência de proteção ambiental dos Estados Unidos, alertou que a alta exposição aos ftalatos pode estar associada a problemas de saúde, incluindo questões de saúde reprodutiva e desenvolvimento infantil, e a Comissão de Segurança de Produtos de Consumo proibiu muitos ftalatos em brinquedos infantis.
Mas não está claro quanto risco uma pessoa corre simplesmente por exibir uma árvore de Natal cheia de ftalatos por algumas semanas por ano — e os reguladores dos Estados Unidos, por exemplo, não impuseram nenhuma restrição até agora.
Da mesma forma, algumas árvores de plástico também contêm chumbo tóxico — no entanto, pesquisas mostram que a exposição ao chumbo não é normalmente uma grande preocupação para a saúde com as árvores artificiais modernas.
Mas não deixe que as preocupações estraguem a sua alegria natalina. Quando se trata de escolher uma árvore, Harmon argumenta que não há realmente nenhuma escolha ruim. “Adoramos todos os tipos de árvores de Natal”, diz ele. “A melhor árvore de Natal é aquela que você celebra com amigos e familiares.”
