Brasil figura em 11º lugar em lista de países mais conectados com a natureza
Nepal ocupa o primeiro lugar em um estudo feito com 61 nações. Na outra ponta, perto do final da lista, estão Reino Unido, Canadá, Alemanha, Israel, Japão e Espanha.
O Brasil está entre as nações mais conectadas com a natureza, segundo com o primeiro estudo global sobre a relação das pessoas com o mundo natural. O Brasil ocupa a 11ª posição entre 61 países. O estudo, que analisou 57.000 pessoas, investigou como as atitudes em relação à natureza são moldadas por fatores sociais, econômicos, geográficos e culturais.
O país mais conectado à natureza é o Nepal, seguido por Irã, África do Sul, Bangladesh e Nigéria, segundo o estudo publicado na revista Ambio. Croácia e Bulgária são os únicos países europeus entre os 10 primeiros. Os últimos lugares são ocupados por Reino Unido, Holanda, Canadá (de língua inglesa), Alemanha, Israel, Japão e Espanha, que é o país menos conectado à natureza.
A conexão com a natureza é um conceito psicológico que mede a proximidade da relação de um indivíduo com outras espécies. Estudos descobriram que pessoas com níveis mais altos de conexão com a natureza desfrutam de maior bem-estar e são mais propensas a agir de forma ecologicamente correta, afirma o jornal inglês The Guardian. Baixos níveis de conexão com a natureza foram identificados como uma das três principais causas subjacentes da perda de biodiversidade, junto com a desigualdade e a priorização de ganhos materiais individuais.
Neste estudo, pesquisadores do Reino Unido e da Áustria, liderados por Miles Richardson, professor de conexão com a natureza na Universidade de Derby, descobriram que o indicador mais forte de uma relação próxima com a natureza era um alto nível de “espiritualidade”. Sociedades mais religiosas e culturas onde havia uma preferência pela fé em detrimento da ciência apresentaram altos níveis de conexão com a natureza.
Em contraste, os autores também identificaram que a “facilidade de fazer negócios”, uma medida do Banco Mundial que avalia o caráter favorável aos negócios de um país, estava correlacionada com menor conexão com a natureza. Entre os fatores concretos que o estudo identificou como relacionados à falta de conexão com a natureza estão os níveis de urbanização, a renda média e o uso da internet.
“A conexão com a natureza não se resume ao que fazemos, mas sim a como nos sentimos, pensamos e valorizamos nosso lugar no mundo vivo”, afirmou Richardson ao jornal. “Nos tornamos uma sociedade mais racional, econômica e científica. Isso obviamente trouxe benefícios fantásticos, mas a questão é como equilibrá-los com os problemas imprevistos. Como reintegrar o pensamento natural em nosso mundo tão tecnológico? É claro que é muito difícil mudar culturas, mas trata-se de incorporar o valor da natureza, tornando-a parte integrante do nosso bem-estar, para que seja respeitada e quase sagrada.”
Segundo o autor, algumas maneiras de fomentar a conexão com a natureza incluem um melhor aproveitamento dos ambientes naturais nos tratamentos de saúde mental e pública, o desenvolvimento dos direitos da natureza na legislação e a incorporação da natureza em conselhos administrativos e decisões empresariais por meio de regulamentações como o ganho líquido de biodiversidade. “Há maneiras de repensarmos a forma como fazemos negócios, incorporando a natureza na tomada de decisões, a natureza nas salas de reunião e promovendo o ganho líquido de biodiversidade. Essas medidas podem começar a mudar o sistema, onde a natureza não seja tratada simplesmente como um recurso, mas como parte interessada.”
