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Cientistas criam protetor solar ecológico que não agride corais

Cientistas criam protetor solar ecológico que não agride corais

Pesquisadores criam protetor solar ecológico, à base de pólen, que bloqueia raios UV e preserva os recifes de corais

Um protetor solar ecológico desenvolvido por uma equipe de cientistas promete proteção eficaz contra os raios ultravioleta sem causar danos aos recifes de corais. A nova fórmula, feita à base de pólen, mostrou resultados equivalentes aos dos filtros tradicionais, mas sem o impacto ambiental.

“Queríamos desenvolver um protetor solar natural acessível e eficaz, que não causasse alergias aos humanos e fosse ecologicamente correto”, explicou Nam-Joon Cho, principal autor do estudo e professor de ciência e engenharia de materiais na Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura.

protetor solar mulher
Foto: Unsplash

Protetor solar testado com corais

Para avaliar os efeitos, os pesquisadores aplicaram quantidades idênticas do protetor solar à base de pólen e de um produto comercial em tanques separados com 10 litros de água do mar e corais saudáveis. O resultado foi claro: em dois dias, o filtro comercial causou branqueamento, e em seis dias, a morte dos corais. Já os corais expostos ao gel de pólen permaneceram saudáveis durante 60 dias de teste.

A equipe trabalhou com dois tipos de pólen: girassol e camélia. O pólen de girassol teve fator de proteção solar (FPS) inferior a 5 e pode causar alergias, enquanto o de camélia se destacou com FPS 27,3 — bloqueando cerca de 97% dos raios UV e apresentando propriedades antialérgicas.

“Sabemos que o pólen é naturalmente resistente aos raios UV, pois sua casca precisa proteger seu conteúdo interno das condições ambientais adversas, incluindo a luz solar”, afirmou Cho. “Nossa pesquisa teve como objetivo desenvolver uma maneira de processar os grãos de pólen em uma forma gelatinosa, para que pudessem ser facilmente aplicados à pele humana.”

O impacto dos filtros tradicionais

Anualmente, entre 6.000 e 14.000 toneladas métricas de compostos que filtram raios UV — presentes em protetores solares comuns — chegam às águas costeiras ricas em corais. Substâncias como óxido de zinco e óxido de titânio contribuem para o declínio dos recifes e afetam também ervas marinhas e outras espécies. Esses compostos já foram detectados em golfinhos, trutas arco-íris e tartarugas-cabeçudas.

Mesmo produtos que ostentam o selo de “seguros para corais” são, segundo estudos, apenas um pouco menos tóxicos do que os convencionais. “Este é o tipo de pesquisa que queremos ver no desenvolvimento de alternativas de protetor solar mais sustentáveis”, destacou David Andrews, diretor científico interino do Environmental Working Group, organização sem fins lucrativos que não participou do estudo. Ele acrescentou que o trabalho evidencia “uma das deficiências na regulamentação de protetores solares no que diz respeito à consideração completa do impacto que esses produtos podem ter nos ambientes marinhos ou de corais”.

BNDES Corais
Os corais são responsáveis por uma parte significativa do sequestro de carbono marinho e ajudam a proteger as áreas costeiras . | Foto: Francesco Ungaro | Unsplash

Caminho natural para o futuro

O estudo aponta um futuro mais seguro para pessoas e ecossistemas, mostrando que soluções naturais podem substituir substâncias nocivas em protetores solares. Embora sejam necessários mais testes e revisões regulatórias, o protetor de pólen exemplifica como repensar produtos cotidianos pode beneficiar tanto a saúde humana quanto o planeta.

“O panorama geral aqui”, observou Andrews, “é que nossas regulamentações químicas e a regulamentação de produtos de proteção solar não são abrangentes o suficiente”. Ele reforçou que pesquisas como essa ajudam a indicar o caminho para soluções mais seguras e sustentáveis.