Moradores de Baía da Traição registram destruição com avanço do mar

Casa foi virada de ponta-cabeça pela força do mar. Praia do Forte é uma das áreas mais atingidas.
Moradores de Baía da Traição, no Litoral Norte da Paraíba, denunciam, por meio de vídeos publicados nas redes sociais, como o avanço do mar vem destruindo habitações, estradas e prejudicando os moradores da área da Praia do Forte. Um deles, Felipe Potiguara, chegou a registrar uma casa que foi virada de ponta-cabeça.
“Uma prova aí para vocês do que está acontecendo, né? Essa casa que eu venho gravando há muito tempo, o mar deixou ela de perna para cima, viu? O mar virou ela de ponta-cabeça”.
A erosão costeira foi motivo para um decreto de situação de calamidade pública. Um dos locais mais afetados pela erosão é a Praia do Forte, onde passa a rodovia PB-008, que conecta Baía da Traição às aldeias indígenas. O município tem cerca de 86,64% da população composta por indígenas, segundo o Censo 2022.
Ao g1, a Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) informou que disponibilizou as licenças ambientais para que a prefeitura de Baía da Traição possa iniciar as obras recomendadas pelos técnicos que fazem o monitoramento da área.
Avanço no mar
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Moradores denunciam danos pelo avanço do mar — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco
De acordo com o geógrafo Erickson Torres, o aquecimento do planeta é a principal causa do avanço das marés.
“Toda vez que a água do oceano fica mais quente, há um volume maior de água que avança sobre os continentes, sobre a costa dos países e suas regiões. É condição sine qua non [indispensável] que os pesquisadores, geógrafos, oceanógrafos, engenheiros, em conjunto com os gestores públicos, desenvolvam pesquisas bem mais amplas do que apenas colocar aquelas pedras para tentar conter o avanço do mar, porque essas são apenas medidas paliativas”, afirma o geógrafo.
A decisão de declarar calamidade pública foi reconhecida pela Assembleia Legislativa da Paraíba e publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) desta quinta-feira (7).
Danos do avanço do mar e possíveis soluções
De acordo com representantes da Defesa Civil de Baía da Traição, a solução para impedir que o mar continue avançando é construir um semicírculo em concreto e realizar o alargamento da faixa de areia. Segundo o secretário de saúde de Baía da Traição, o investimento necessário para a realização dessas ações seria de cerca de R$ 86 milhões.
Ainda segundo a Defesa Civil, em um ano o avanço do mar sobre a terra em Baía da Traição é de seis metros. Cálculos da Defesa Civil mostraram ainda que a área urbana que separa o mar do rio é de aproximadamente 30 metros, o que significa que, caso o avanço continue, as aldeias da região ficarão ilhadas e o abastecimento de água da cidade ficará impossibilitado.