Por que a polinização está em risco e o que isso significa para a nossa comida?

Cerca de 75% do que a humanidade cultiva depende, em algum grau, da polinização
🐝A vida não seria como conhecemos sem as abelhas.
Elas são polinizadoras poderosas e fundamentais para o ciclo reprodutivo das plantas. Ao transportar o pólen do órgão masculino para o feminino da flor, garantem a formação de frutos e sementes.
➡️ E cerca de 75% do que é cultivado pela humanidade se beneficia desse serviço.
💵 Segundo Cristiano Menezes, pesquisador da Embrapa e especialista em abelhas, o trabalho de polinização é considerada um serviço ecossistêmico, avaliado em cerca de R$ 50 bilhões por ano no Brasil.
Cultivos estratégicos para a economia nacional, como café, soja e laranja, dependem diretamente desse trabalho.
🍎O grau de dependência varia entre as culturas. Algumas frutas simplesmente não existiriam sem a ajuda das abelhas, como maçã e melão. Nesses cultivos, produtores chegam a alugar colmeias para garantir a polinização.
No caso do maracujá, a abelha que poliniza a flor, a mamangava, é mais difícil de ser encontrada, e os produtores precisam realizar este trabalho manualmente – alguns fazem até com a ponta dos dedos.
Além da quantidade, as abelhas influenciam também a qualidade da produção. Um estudo da Embrapa mostrou que a presença desses insetos em cafezais poderia elevar o faturamento do café arábica — a variedade mais cultivada no Brasil — em até R$ 22 bilhões por ano.
Redução e extinção de espécies
➡️A abelha mais conhecida é a produtora de mel, mas no Brasil existem cerca de duas mil espécies.
No entanto, pesquisadores têm observado a redução e até extinção de algumas populações.
O pesquisador da Embrapa Cristiano Menezes destaca as principais ameaças:
- Desmatamento.
- Intoxicação por agrotóxicos.
- Mudanças climáticas.
- Transmissão de pragas e doenças.
- Competição com espécies invasoras.
As mudanças climáticas são prejudiciais porque alteram as condições naturais do ambiente. “Então, por exemplo, uma abelha que vive na Caatinga e está adaptada a 3 meses de chuva e 9 meses de seca regularmente. Se você trouxer ela para São Paulo, onde tem muita chuva, ela não sobrevive”, explica Menezes.
O especialista em abelhas destaca também que, em cada região, um desses fatores é mais relevante. “Na região Amazônica, por exemplo, o que está afetando mais é o desmatamento e as mudanças climáticas, com mudanças no regime de chuva. No Sul e Sudeste do Brasil, fator preponderante é a contaminação com agrotóxico”.
Em Uberlândia, em Minas Gerais, uma investigação apontou que o agrotóxico Tiametoxam pode ter sido a causa da morte de 15 milhões de abelhas-africanas em dezembro de 2023, o que causou um prejuízo de R$ 420 mil.
Caminhos para a preservação das abelhas
Diante desse cenário, pesquisadores têm buscado soluções, e a principal é manter a floresta em pé — ou restaurar áreas degradadas.
“A gente viu isso com o açaí. Os produtores que preservavam a floresta ao seu redor tinham mais produtividade e um retorno econômico maior do que aqueles que não tinham floresta e tinham que alugar abelhas para ter a polinização”, disse Cristiano Menezes, da Embrapa.
Outras estratégias incluem o manejo de polinizadores, como a polinização assistida, o aluguel de colmeias e a criação de abelhas sem ferrão. E, claro, é fundamental usar fertilizantes agrícolas que preservem os polinizadores.
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Polinizadoras, as abelhas são essenciais para o equilíbrio dos ecossistemas — Foto: Sidney Cardoso/VC no TG
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Na falta de mamangavas, produtores fazem polinização manual do maracujazeiro — Foto: Reprodução/TV TEM
COP30 – Como a floresta produz chuva?
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Abelha da espécie Apis mellifera — Foto: Muhammad Mahdi Karim / Wikimedia Commons