Nova pílula diária para obesidade promete cortar até 20% do peso

Estudo com mais de 3 mil pessoas mostrou que novo medicamento oral gerou perda de peso significativa, podendo ser alternativa mais acessível do que as tradicionais injeções
Um novo comprimido diário pode se tornar uma alternativa promissora para o tratamento da obesidade, permitindo que pacientes percam até um quinto do seu peso corporal. A ação do novo remédio, descrita em uma pesquisa publicada no New England Journal of Medicine dia 16 de setembro, foi apresentada em Viena na reunião anual da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes.
O medicamento, chamado orforglipron, é desenvolvido pela Eli Lilly e atua nos receptores GLP-1, similares aos de injeções para emagrecimento como Mounjaro e Wegovy.
No estudo clínico, que envolveu 3.127 adultos obesos sem diabetes, 18,4% daqueles que receberam a dose mais alta conseguiram reduzir 20% ou mais do peso ao longo de 72 semanas.
Esses pacientes que tomaram 6 mg por dia tiveram redução média de 7,5% no peso, enquanto a dose de 36 mg resultou em perda média de 11,2%. Mais da metade dos participantes que tomaram a dose mais alta conseguiu reduzir ao menos 10% do peso corporal.
Embora a perda média não seja tão grande quanto a obtida com tirzepatida (Mounjaro), especialistas destacam que o comprimido é mais fácil de usar, armazenar e distribuir. Isso pode aumentar o acesso ao tratamento.
Além da perda de peso, houve melhorias na pressão arterial, na circunferência da cintura e nos níveis de colesterol LDL. Os efeitos adversos relatados foram leves a moderados, principalmente problemas gastrointestinais.
O estudo foi coordenado pelo Dr. Sean Wharton, da Universidade McMaster, no Canadá, e contou com participantes de países como EUA, Brasil, China, Índia, Japão, Coreia do Sul e Espanha.
“Um comprimido diário pode permitir que mais pessoas tenham acesso a terapias para obesidade, especialmente aquelas que não têm acesso a injeções ou enfrentam custos altos”, explica ele.
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O orforglipron ainda não foi aprovado por agências reguladoras como a FDA (EUA) ou a Anvisa (Brasil). A Eli Lilly, no entanto, já sinaliza esperar uma “demanda substancial” assim que o comprimido for liberado.
O debate sobre medicamentos para obesidade também inclui crianças. Um estudo recente publicado na revista científica JAMA Pediatrics indica que injeções de GLP-1 podem ajudar crianças a partir dos seis anos com obesidade ou diabetes tipo 2, embora problemas estomacais sejam mais frequentes nesse grupo. Estudos de acompanhamento a longo prazo são essenciais para avaliar os efeitos dessas drogas em jovens.
Com mais praticidade e potencial de impacto global, o orforglipron em comprimido pode se tornar uma ferramenta relevante no combate à obesidade, que afeta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).