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Araticum, a fruta do Cerrado que pode ser mais doce que a cana-de-açúcar

Araticum, a fruta do Cerrado que pode ser mais doce que a cana-de-açúcar

Alimento é saboroso e proporciona benefícios à saúde, apontam pesquisas

Considerado a savana mais rica em biodiversidade no mundo, o Cerrado ocupa 23% do território brasileiro e se destaca pela presença de milhares de animais e plantas nativas. Uma delas é o araticunzeiro, árvore comum nas áreas mais secas e arenosas da região e que produz o araticum. Ele pode não ser o mais bonito do bioma, mas é muito apreciado e saboroso.

Uma das principais características é o aroma forte e marcante da polpa pela combinação de frutas. Outro diferencial é a doçura. Segundo José Felipe Ribeiro, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brix, escala que mede a quantidade de sólidos solúveis, pode ser maior que a cana-de-açúcar.

“O aroma e o sabor do araticum são únicos e característicos, como também acontece com outros frutos do Cerrado, como o pequi. O sabor adocicado é intenso e com alto teor de açúcar, que pode chegar a 24%, superando a cana, que fica entre 16% e 20%. Um fruto maduro perfuma facilmente o ambiente. E apenas uma pequena quantidade já satisfaz”, explica.

Além destas, outras curiosidades evidenciam o fruto 100% brasileiro:

  • Tem formato oval, cerca de dois quilos, casca marrom e polpa na cor creme;
  • A árvore pode chegar aos oito metros de altura;
  • As sementes são numerosas e escuras;
  • Pode ser encontrado em Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato Grosso, Pará, Bahia, Tocantins, Maranhão e Paraná;
  • A produção inicia cinco anos após o plantio;
  • Pode ser propagado de duas formas: semente e enxertia.

Quando e como colher o araticum?

Com a floração prevista entre os meses de setembro a novembro, é comum a maturação a partir de fevereiro no Cerrado.

A fruta costuma cair no chão e ser consumida em seguida, mas, quando o araticunzeiro não é muito alto, pode ser coletado na árvore no momento que a casca começa a apresentar sinais de abertura.

Em muitos casos, a altura causa danos na casca do araticum durante a queda. Ela, então, se abre e é atacada por aves e insetos.

O que tem no araticum?

Conforme a Embrapa, a polpa da fruta, utilizada, além do consumo in natura, na preparação de geleias, doces, iogurtes, licores e sorvetes, apresenta fibras e lipídios em boa quantidade. Ferro, magnésio, fósforo, cálcio e vitaminas também estão presentes na composição do araticum.

Os benefícios do araticum

Pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) descobriram, em 2019, que a casca da fruta, sempre descartada após a retirada da polpa, contém alcaloides aporfínicos, compostos importantes no tratamento do Alzheimer.

Em outro estudo, este desenvolvido pelo Laboratório de Bioaromas da Faculdade de Engenharia de Alimentos na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2015, foi destacado mais uma importante descoberta: o extrato da casca da fruta nativa do Cerrado diminui danos causados pelo estresse oxidativo das células.