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Intervenções climáticas para salvar nossos oceanos precisam de governança mais forte, alertam especialistas

Intervenções climáticas para salvar nossos oceanos precisam de governança mais forte, alertam especialistas

As intervenções climáticas nos oceanos estão se acelerando — mas, sem uma governança responsável, podem causar mais mal do que bem, segundo uma nova pesquisa.

O branqueamento de corais, a elevação do nível do mar e a perda de biodiversidade não são mais ameaças distantes: estão acontecendo agora, com consequências profundas para os ecossistemas marinhos e as comunidades que dependem deles.

Em resposta, cientistas, governos e indústrias estão correndo para desenvolver e implementar uma série de intervenções que ajudem o oceano a enfrentar as mudanças climáticas.

O novo estudo, publicado na revista Science, analisou o conjunto de novas intervenções que estão sendo usadas como resposta urgente à escala e à intensidade da crise climática e às mudanças dramáticas em nossos oceanos.

Entre elas estão esforços para reduzir a acidez do oceano e aumentar sua capacidade de absorver dióxido de carbono, o cultivo de corais resistentes ao clima que sobrevivem em águas mais quentes, o cultivo de algas para capturar carbono e a restauração de manguezais para proteger litorais e armazenar carbono naturalmente.

A autora principal, a professora Tiffany Morrison, da Universidade de Melbourne, afirmou que, embora essas intervenções tragam esperança, também apresentam riscos significativos.

“Sem uma governança robusta, corremos o risco de repetir erros do passado — implementando soluções ineficazes, injustas ou até prejudiciais”, disse a professora Morrison.

“O ritmo da inovação está superando nossa capacidade de regular, monitorar e avaliar essas intervenções de forma responsável.”

Os pesquisadores afirmam que, para enfrentar os desafios, devemos adotar o conceito de transformação marinha responsável — uma abordagem de governança que prioriza sustentabilidade, equidade e adaptabilidade.

“Isso significa ponderar riscos e benefícios, resolver questões éticas, melhorar os benefícios sociais e alinhar as intervenções de adaptação com metas mais amplas de mitigação climática”, explicou a professora Morrison.

“É vital realizarmos estudos rigorosos e comparativos para avaliar os benefícios e riscos climáticos das intervenções, incluindo sua escalabilidade e viabilidade a longo prazo.”

O coautor, professor Neil Adger, da Universidade de Exeter, destacou a importância do envolvimento das comunidades.

“Isso significa colaborar desde o início com povos indígenas e partes interessadas locais, garantindo que seus conhecimentos, valores e direitos moldem o desenho e a implementação das intervenções”, disse o professor Adger.

“Se as intervenções se mostrarem viáveis, também precisaremos desenvolver e aplicar protocolos bioéticos que abordem não apenas o bem-estar animal, mas também as implicações ecológicas e sociais de sua implementação em larga escala.”

A professora Morrison recebeu recentemente uma Australian Laureate Fellowship da ARC (Conselho Australiano de Pesquisa) para aprimorar os futuros marinhos globais.

Traduzido de Phys.org.