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Cafeína pode retardar o envelhecimento das células, sugere pesquisa

Cafeína pode retardar o envelhecimento das células, sugere pesquisa

Estudo mostra que efeitos do estimulante em sistema de combustível celular influenciam no modo como essas estruturas crescem, reparam seu DNA e respondem ao estresse

A cafeína é o composto neuroativo mais popular do mundo e, há algum tempo, cientistas têm sugerido que ela serve para muito mais do que espantar o sono. Segundo um novo estudo da Universidade Queen Mary de Londres, no Reino Unido, o consumo do produto pode até trazer benefícios para a saúde, como retardar o envelhecimento celular.

No passado, a equipe havia levantado a hipótese de que a cafeína ajuda as células a viverem mais, atuando sobre um regulador de crescimento chamado alvo da rapamicina (TOR). Esse “interruptor biológico” informa às células quando crescer, com base na quantidade de alimento e energia disponíveis, controlando, assim, suas respostas energéticas e de estresse em seres vivos.

Em continuidade do projeto, agora eles verificaram que a cafeína não atua diretamente nesse interruptor de crescimento. Na verdade, ela ativa o chamado AMPK, um antigo sistema medidor de combustível celular que é evolutivamente conservado em leveduras e humanos. Suas observações foram publicadas nessa terça-feira (24) na revista Microbial Cell.

Ação da cafeína no AMPK

“Quando as células estão com pouca energia, a AMPK entra em ação para ajudá-las a lidar com a situação”, explica Charalampos Rallis, autor sênior do estudo, em comunicado. “Nossos resultados apontam para o fato de que a cafeína ajuda a acionar esse importante mecanismo”.

Curiosamente, a AMPK também é alvo da metformina. Esse princípio ativo está presente em medicamentos para diabetes que também vêm sendo estudados por seu suposto potencial no prolongamento da vida humana, sobretudo quando em ação conjunta com a rapamicina.

Células de levedura de fissão nas quais o transportador de glicose Ght5 é marcado fluorescentemente com proteína fluorescente verde (GFP) — Foto: Olga Xintarakou/Queen Mary University of London
Células de levedura de fissão nas quais o transportador de glicose Ght5 é marcado fluorescentemente com proteína fluorescente verde (GFP) — Foto: Olga Xintarakou/Queen Mary University of London

Por meio de testes com um modelo de levedura de fissão (um organismo unicelular surpreendentemente semelhante às células humanas), os pesquisadores mostraram que o efeito da cafeína na AMPK influencia o modo como as células crescem, reparam seu DNA e respondem ao estresse. Todos esses fatores estão ligados ao envelhecimento e às doenças.

“Essas descobertas ajudam a explicar por que a cafeína pode ser benéfica para a saúde e a longevidade”, observa John-Patrick Alao, pesquisador de pós-doutorado que lidera o estudo. “Elas abrem possibilidades para pesquisas futuras sobre como podemos desencadear esses efeitos de forma mais direta, por meio de dieta, mudanças no estilo de vida ou mesmo novos medicamentos”.