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Clima extremo matou quase 800 mil pessoas em três décadas

Clima extremo matou quase 800 mil pessoas em três décadas

Levantamento global da Germanwatch revela os efeitos devastadores dos eventos climáticos extremos; além das mortes, houve perdas econômicas que somaram impressionantes US$ 4,2 trilhões.

Quase 800 mil pessoas morreram em todo o planeta em decorrência de eventos climáticos extremos, como tempestades, inundações, secas, ondas de calor e incêndios florestais, de 1993 a 2022. Além das vidas ceifadas, esses eventos provocaram perdas econômicas que totalizam impressionantes US$ 4,2 trilhões, em valores corrigidos pela inflação.

Os dados são do Índice de Risco Climático, da ONG Germanwatch. O índice classifica os países de acordo com os impactos econômico e humano (mortos, feridos, desabrigados e forçados a se deslocar) dos eventos climáticos extremos. O país mais afetado é listado primeiro. Em 2025, por exemplo, Dominica, China e Honduras estão no topo do ranking, informam DW e Folha.

Nos 30 anos do levantamento, o mundo registrou mais de 9.400 desastres climáticos, com impacto especialmente grave nas nações mais pobres e vulneráveis do Sul Global. São países que historicamente menos contribuíram para as mudanças climáticas e enfrentam desafios econômicos, sociais e ambientais comuns, devido ao legado colonial, destaca o Um só planeta.

Sobre o Brasil, o relatório afirma que os eventos climáticos extremos mataram 137 mil pessoas e provocaram perdas de mais de R$ 10 bilhões no período. O documento destaca eventos recentes no país, como os incêndios devastadores na Amazônia, no Pantanal e no Cerrado em 2024. Assim como as chuvas torrenciais e enchentes intensificadas pelas mudanças climáticas, associadas à falta de medidas preventivas, que desalojaram cerca de 1 milhão de pessoas e causaram 251 óbitos, sendo a maioria no Rio Grande do Sul.

Apesar da predominância do Sul Global, o Top 10 do índice também inclui países de alta renda, como Itália, Grécia e Espanha. Especificamente em 2022, esses países ocuparam posições mais altas no ranking principalmente por causa das intensas ondas de calor.

O relatório lembra que todos os países precisam aprimorar suas estratégias de enfrentamento. A adaptação, contudo, deve ser acompanhada de um esforço global para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e manter o aquecimento global o mais próximo possível do limite de 1,5°C estabelecido no Acordo de Paris.

Mais do que uma emergência ambiental, o documento destaca que a crise climática, provocada principalmente pela queima de combustíveis fósseis, torna-se cada vez mais uma questão de segurança global e deve ser tratada com a devida seriedade na COP30. Afinal, as consequências da inação tornarão os custos humanos e econômicos insustentáveis.

O índice da Germanwatch também foi repercutido por Revista Cultivar, Olhar Digital, Exame, Terra e Euronews.

Em tempo 1: A poluição do ar está associada à morte diária de mais de 100 crianças menores de cinco anos no Leste Asiático e no Pacífico, mostra um novo relatório da UNICEF, enquanto vários países da região enfrentam um aumento da poluição tóxica. A taxa de mortalidade ligada à poluição representa quase uma em cada quatro mortes no total, com impactos que podem persistir até a idade adulta, destacam Bloomberg e The Telegraph. As 500 milhões de crianças do Leste Asiático e do Pacífico estão expostas a níveis prejudiciais de poluição do ar, sendo que os poluentes domésticos — resultantes do uso de combustíveis para cozinhar e aquecer — são potencialmente os maiores responsáveis pelas mortes entre crianças menores de cinco anos, afirmou a UNICEF.

Em tempo 2: Os novos compromissos climáticos do países (NDCs) estão dando mais ênfase à saúde, mas há lacunas importantes em recursos financeiros, métricas, governança e transparência. Esta é a principal mensagem de um novo estudo da Global Climate and Health Alliance (GCHA), consórcio de mais de 200 organizações e redes de profissionais da saúde e da sociedade civil de todo o mundo que lidam com a crise climática, destaca Daniela Chiaretti no Valor. O documento examina as NDCs de terceira geração entregues à Convenção Clima antes de 10 de fevereiro – como as do Brasil, Estados Unidos (sob o governo Biden), Reino Unido, Nova Zelândia, Suíça, Emirados Árabes Unidos e Uruguai.