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Terremotos podem começar bem antes dos grandes impactos, revela pesquisa

Terremotos podem começar bem antes dos grandes impactos, revela pesquisa

Cientistas descobrem que a preparação silenciosa antes do tremor pode ser a chave para eventos sísmicos gigantescos

Os terremotos fazem parte do grupo de catástrofes mais devastadoras que o planeta Terra pode desencadear. Porém, mesmo com extenso registro de sua ocorrência na história, a chegada do tremor é sempre uma surpresa difícil de prever.

Esses grandes fenômenos sísmicos são precedidos por um período lento e constante de deslocamentos num ponto de tensão. O acumulo desse estresse é o gatilho necessário para os tremores gigantescos.

Esses grandes fenômenos sísmicos são precedidos por um período lento e constante de deslocamentos num ponto de tensão. O acumulo desse estresse é o gatilho necessário para os tremores gigantescos.

As fraquezas da crosta terrestre precisam formar uma rachadura, para aí ceder de repente em um abalo sísmico. Pesquisas anteriores mostraram que uma série de movimentos demorados, que não balançam e nem sacodem as rochas ao redor, precedem a geração dessa fissura.

No entanto, os detalhes desse processo não foram explorados profundamente. As antigas simulações dependiam de generalizações e eram feitas em modelos em 2D, que podem não revelar o pleno funcionamento de um mundo em três dimensões.

Uma nova modelagem para entender os terremotos

A equipe liderada pelos físicos Jay Fineberg e Shahar Gvirtzman utilizou experimentação e modelagem teórica. O objetivo é explorar como fraturas aparentemente inofensivas evoluem para grandes abalos sísmicos.

Segundo a equipe, a ruptura na crosta fornece um ponto de foco, onde a movimentação das placas tectônicas introduz a energia elástica. Sem fissuras, não há como essa tensão aumentar, o que significa que não ocorrerão as liberações repentinas de energia que configuram os terremotos.

Os pesquisadores estudaram fissuras em uma, duas e três dimensões. Também exploraram o funcionamento da mecânica de pequenos movimentos da crosta conhecidos como fluência.

A evolução ao longo do tempo das manchas de fricção bidimensionais no experimento sobre terremotos
A evolução ao longo do tempo das manchas de fricção bidimensionais no experimento da equipe. (Imagem: Gvirtzman et al., Nature, 2025)

Suas descobertas mostraram que pequenas manchas, com movimento lento e fricção entre si em duas dimensões, são os primeiros passos em direção a uma fratura. Após um período de fluência lenta e constante nos pontos de tensão, essas manchas se expandem até o ponto de ruptura sísmica, ou seja, um grande tremor.

“Esta nova imagem da dinâmica da nucleação por ruptura é diretamente relevante para a dinâmica da nucleação por terremotos; a ruptura assísmica lenta deve sempre preceder a ruptura sísmica rápida”, escrevem os pesquisadores

Esse novo conhecimento sobre a evolução de um terremoto tem implicações importantes. Com os resultados da pesquisa, é possível compreender melhor o estresse e o atrito em geral, além de informações significativas que ajudam a prever eventos sísmicos no futuro.

“A teoria pode fornecer uma nova estrutura para a compreensão de como e quando os terremotos ocorrem”, constatam os pesquisadores.

Samuel Amaral de Oliveira
Redator(a) Samuel Amaral de Oliveira é redator(a) no Olhar Digital
Lucas Soares
Editor(a) Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.