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76% dos incêndios da América do Sul estão no Brasil

76% dos incêndios da América do Sul estão no Brasil

Entre segunda-feira (9)  e terça (10), o Brasil registrou 5,1 mil focos de incêndio. Isso equivale a 75,9% de todas as áreas afetadas pelo fogo na América do Sul. É o que aponta o levantamento do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Nos primeiros 10 dias de setembro, os focos de incêndio ultrapassaram o dobro do valor do que foi observado no mesmo período do ano passado. São 37,4 mil contra 15,6 mil. Ainda há ocorrência de uma forte onda de calor e da baixa umidade do ar, o que deve piorar o cenário.

Entre as áreas mais afetadas pelas queimadas, estão a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal. No momento, o interior de São Paulo também enfrenta situação crítica. No fim de semana, uma área de 10 mil hectares do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, foi atingida pelo fogo.

Origem dos incêndios

Não existe um único fator que justifique o elevado número de incêndios que afetam o país, mas, sim, um conjunto. É o caso do segundo ano de El Niño, seguido de La Niña, além do aquecimento global e da ação humana.

Com queimadas no Cerrado, Pantanal, Amazônia e no interior de SP, Brasil concentra a maioria dos focos de incêndio da América do Sul (Imagem: Programa Queimadas/Inpe)
Com queimadas no Cerrado, Pantanal, Amazônia e no interior de SP, Brasil concentra a maioria dos focos de incêndio da América do Sul (Imagem: Programa Queimadas/Inpe)

“Para que haja um fogo, tem que ter faísca, que é essa primeira fonte de ignição, e ela é iniciada pelo ser humano, por diversos motivos”, explica Ane Alencar, diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), para a Agência Brasil.

“Os principais [motivos] são o uso do fogo para renovação de pastagem e o uso do fogo na prática de conversão do solo, na prática de desmatamento”, acrescenta a especialista.

Impacto na biodiversidade

Os incêndios causam prejuízos em série, como na área econômica, na agropecuária e na saúde humana (inclusive, é necessário adotar medidas de proteção contra fumaça). Além disso, as chamas impactam diretamente a biodiversidade brasileira.

“Tem impactos que vão desde a perda de biodiversidade, de material genético que a gente até desconhece, a diminuição da capacidade de recuperação dessas áreas, que ficam mais suscetíveis a outros incêndios. Isso faz com que se tenha uma perda de serviço ecossistêmico, principalmente de água, mas também de retenção de carbono, por exemplo. Outra questão é do calor mesmo, sabemos que a floresta tem papel importante no conforto térmico”, detalha Alencar.

Vale lembrar que, recentemente, viralizou a descoberta de um novo potencial tratamento contra o câncer, obtido a partir do veneno de uma espécie de marimbondo que vive no Cerrado, bioma que está sendo devastado pelas queimadas. Este é apenas um dos exemplos das possíveis descobertas que poderão ser perdidas devido aos incêndios.

Período crítico para incêndios

Embora os números de focos de incêndio estejam bastante elevados, ainda se está longe do período historicamente mais crítico no país, que engloba os meses de outubro, novembro e dezembro. Então, a adoção de novas estratégias é fundamental.