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Superando as Enchentes do RS: A tecnologia e a adaptação ao clima

Superando as Enchentes do RS: A tecnologia e a adaptação ao clima

Após alguns meses de um dos maiores desastres climáticos já ocorridos no Brasil, muitas dúvidas persistem, tanto para a sociedade quanto para as instituições e pesquisadores climáticos.

Em um período de sete meses, o Rio Grande do Sul foi atingido por dois eventos extremos de grande magnitude. O primeiro, no início de setembro de 2023, envolveu um ciclone extratropical que provocou alagamentos históricos e resultou em dezenas de mortes. Apenas alguns meses depois, no final de abril de 2024, dias consecutivos de chuvas intensas colocaram o RS em estado de emergência, com registros de alagamentos nunca antes vistos.

Para se ter uma ideia da gravidade, algumas localidades do Rio Grande do Sul acumularam mais de 900 mm de chuva em apenas duas semanas—um volume que normalmente se espera ocorrer em seis meses. Esses números nos fazem questionar: o que estamos realmente testemunhando em termos de cenários climáticos?

Estamos, sem dúvida, vivendo uma nova Era Climática. As temperaturas globais estão mais altas, e os eventos climáticos extremos estão se tornando não apenas mais intensos, mas também mais frequentes. De acordo com dados do IPCC, o número de desastres climáticos extremos aumentou em mais de 30% nas últimas duas décadas, destacando a urgência da situação.

Superando as Enchentes do RS: A tecnologia e a adaptação ao clima

No entanto, como sociedade, não podemos simplesmente cruzar os braços e esperar que novos desastres aconteçam. Temos à nossa disposição ferramentas e conhecimento para nos adaptarmos a essa nova realidade climática.

Os modelos de projeção climática estão cada vez mais sofisticados, com avanços significativos no uso de Inteligência Artificial e Machine Learning. Esses algoritmos processam vastas quantidades de dados históricos de eventos extremos—mais de 100 terabytes por ano—permitindo uma melhoria de até 30% na precisão das previsões futuras. Essas tecnologias não apenas tornam as projeções mais precisas, como também até 50% mais rápidas, crucial para decisões em tempo real que podem salvar vidas e mitigar danos.

O sensoriamento remoto, por meio de imagens de satélite, tem possibilitado um monitoramento mais preciso das bacias hidrográficas. Além disso, o uso de equipamentos de medição focados em previsões nowcasting (previsões para as próximas horas) tem se tornado cada vez mais comum, proporcionando informações cruciais para mitigar o impacto dos desastres.

Um exemplo prático dessa evolução tecnológica é a recente instalação de um novo radar meteorológico no Rio Grande do Sul pela empresa Climatempo. Este radar permitirá um monitoramento mais preciso e em tempo real da formação e desenvolvimento de eventos de chuva forte, oferecendo uma ferramenta vital na prevenção de desastres.

Radar Climatempo em instalação no Rio Grande do Sul (Imagem: Reprodução/Acervo Pessoal)
Radar Climatempo em instalação no Rio Grande do Sul (Imagem: Reprodução/Acervo Pessoal)

Entretanto, além da tecnologia, outras ações são essenciais. Planos de contingência mais bem elaborados e uma maior conscientização e preparação da população são fundamentais. Mas, em termos tecnológicos, estamos cada vez mais preparados para enfrentar os desafios que essa nova Era Climática nos impõe.

É uma corrida constante contra o tempo—ou seria contra o clima?—visto que eventos como enchentes, queimadas, ciclones, secas, recordes de calor e frio extremo continuarão a se intensificar e se tornar mais frequentes. A sociedade e a comunidade científica estão cada vez mais engajadas em entender e desenvolver tecnologias e inovações que realmente se adaptem às condições climáticas das próximas décadas.

Nosso compromisso é construir um planeta habitável para as futuras gerações. O futuro que almejamos será o resultado das escolhas e ações que tomarmos agora, com responsabilidade e inovação. Juntos, podemos garantir que as próximas décadas sejam mais seguras e sustentáveis para todos.