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Estudo que analisou bactérias em micro-ondas encontrou 101 tipos diferentes

Estudo que analisou bactérias em micro-ondas encontrou 101 tipos diferentes

Pesquisa serve de alerta sobre os cuidados durante a limpeza do eletrodoméstico, a fim de evitar contaminação das refeições por microrganismos prejudiciais à saúde

Contrariando o senso comum, um novo estudo desenvolvido pela Universidade de Valência, na Espanha, indica que a radiação emitida pelos micro-ondas não é capaz de eliminar completamente as bactérias que causam doenças transmitidas por alimentos. Isso quer dizer que, dentro desses eletrodomésticos, é possível encontrar um microbioma próprio – e diverso.

A pesquisa, publicada nesta terça-feira (5), na revista Frontiers in Microbiology, afirma que algumas espécies extremófilas de bactérisa podem sobreviver – e até prosperar – nesses espaços. Isso não é novidade. Micróbios resistentes como esses já foram identificados nos ambientes mais hostis da Terra: fontes hidrotermais escaldantes, gelo antártico e sob as pressões esmagadoras da crosta.

Para identificar a presença das bactérias nos fornos micro-ondas, a equipe de investigação coletou amostras de 30 equipamentos. Alguns eram de uso particular em residências, outros compartilhados na copa de escritórios e também de aplicação profissional em laboratórios.

Depois, o grupo levou as amostras para placas de Petri em laboratório. Nelas, os pesquisadores sequenciaram o material genético dos micróbios de cada micro-ondas – o que permitiu identificar cada bactéria. O estudo indicou que um total de 101 cepas (ou variantes) bacterianas.

Diversidade de bactérias

Os micróbios mais comuns foram Bacillus sp.Micrococcus sp. e Staphylococcus sp. Esses grupos podem ser comumente encontrados na pele humana, bem como em superfícies que as pessoas tocam com frequência.

A presença dessas bactérias foi identificada nos três tipos de micro-ondas, mas eram mais abundantes nos aparelhos domésticos e de uso compartilhado. Outros tipos de bactérias associadas a doenças transmitidas por alimentos, incluindo Klebsiella sp. e Brevundimonas sp., também cresceram em algumas culturas de eletrodomésticos usados em casa.

Por sua vez, os micro-ondas de laboratório continham a maior diversidade genética de bactérias. Os pesquisadores encontraram desde espécies de bancada de cozinha a exemplares extremófilos.

Futuro da pesquisa

A equipe sugere que as cepas mais resistentes encontradas podem ter sido selecionadas evolutivamente ao sobreviver a rodadas repetidas de radiação. Por isso, apesar da possível ameaça à saúde, podem existir também aplicações biotecnológicas.

A limpeza dos micro-ondas é capaz de impedir a proliferação das bactérias — Foto: Pexels
A limpeza dos micro-ondas é capaz de impedir a proliferação das bactérias — Foto: Pexels

Os especialistas indicam que o próximo passo do estudo é investigar como o uso a longo prazo do instrumento pode afetar essas bactérias.

“Um micro-ondas não é um lugar puro e imaculado”, afirma Manuel Porcar, um dos autores do projeto, à revista Nature. “Tampouco é um reservatório patogênico a ser temido”. Para evitar a proliferação de microrganismos, a recomendação é simples: manter a higienização do eletrodoméstico. Deve-se limpar o micro-ondas com a mesma frequência com que se esfregaria, por exemplo, as superfícies da cozinha.