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Maiores marcas da moda estão longe de atingir metas climáticas, de acordo com Fashion Revolution

Maiores marcas da moda estão longe de atingir metas climáticas, de acordo com Fashion Revolution

Novo relatório do movimento ativista indica que as empresas do setor devem investir urgentemente pelo menos 2% da sua receita anual em uma transição justa dos combustíveis fósseis para energias renováveis

Apesar da crescente crise climática, as metas de redução da indústria da moda não são ambiciosas o suficiente para limitar o aumento da temperatura a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais. É o que aponta o novo relatório What Fuels Fashion? (O Que Alimenta a Moda?), elaborado pelo movimento ativista Fashion Revolution.

O documento analisou e classificou 250 das maiores marcas e retalhistas de moda do mundo, com faturamento de US$ 400 milhões (aproximadamente R$ 2.2 bilhões) ou mais, com base na sua divulgação pública de ações relacionadas com o clima e a energia.

Os resultados mostraram que as maiores empresas do setor devem investir urgentemente pelo menos 2% da sua receita anual em uma transição justa dos combustíveis fósseis para energias renováveis, como eólica e solar, para alimentar a sua produção de forma sustentável.

O Fashion Revolution revela ainda que a maioria das grandes marcas de moda não está protegendo os trabalhadores da sua cadeia de abastecimento dos eventos climáticos cada vez mais frequentes, incluindo ondas de calor, secas e enchentes. Apenas 3% (sete empresas) divulgam esforços para apoiar financeiramente os que são afetados.

“Ao investir pelo menos 2% das suas receitas em energia limpa e renovável e na melhoria das competências e no apoio aos trabalhadores, a moda poderia simultaneamente travar os impactos da crise climática e reduzir a pobreza e a desigualdade nas suas cadeias de abastecimento. O colapso climático é evitável porque temos a solução – e a grande moda certamente pode pagar por isso”, observou Maeve Galvin, diretora global de Políticas e Campanhas do movimento.

Falta de transparência

Segundo o relatório, 24% das maiores marcas de moda do mundo não divulgam nada sobre a descarbonização, e apenas quatro têm metas de redução de emissões que cumprem o nível de ambição exigido pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Outro dado é que menos da metade (47%) reportam uma meta da Science Based Targets Initiative (SBTi) cobrindo toda a cadeia de valor. Dessas, 42% informam um aumento nas emissões de âmbito 3 em relação ao seu ano de base.

“A indústria da moda está significativamente atrasada no cumprimento das metas climáticas e na redução das emissões, com 86% das empresas sem uma meta pública de eliminação progressiva do carvão, 94% sem uma meta pública de energia renovável e 92% sem uma meta pública de eletricidade renovável para as suas cadeias de abastecimento”, enfatiza o Fashion Revolution.

O movimento acrescenta que menos de metade (43%) das empresas são transparentes sobre a sua aquisição de energia a nível operacional, e menos ainda (10%) a nível da cadeia de abastecimento. Além disso, nenhuma grande marca de moda divulga o uso horário de eletricidade na cadeia de fornecimento. Como resultado, adverte, as reivindicações de emissões zero da grande moda podem estar desligadas da realidade da rede, criando uma falsa sensação de progresso em relação às metas climáticas.

Além disso, 89% não reportam quantas roupas fabricam anualmente e 45% não revelam nem quanto ganham e nem a pegada de emissões de matérias-primas do que é produzido.

A análise do movimento acrescenta que, embora 58% das marcas divulguem metas de materiais sustentáveis, apenas 11% revelam as fontes de energia da sua cadeia de abastecimento, o que significa que roupas “sustentáveis” ainda podem ser fabricadas em fábricas alimentadas por combustíveis fósseis.

Quase todas (94%) as grandes marcas de moda não divulgam quanto estão investindo na descarbonização da cadeia de abastecimento. Apenas 6% divulgam contribuições, muitas vezes para fundos climáticos conjuntos, como o Fashion Climate Fund e a Future Supplier Initiative.

Esses fundos oferecem empréstimos a fornecedores para infraestrutura como painéis solares. No entanto, o movimento salienta que sobrecarregar os fornecedores com empréstimos para cumprir as metas climáticas das marcas é injusto e perpetua os desequilíbrios de poder existentes entre as marcas de moda, os seus fornecedores e as pessoas que fazem as roupas.

Marcas com menor pontuação em 2024

Pelos dados do relatório What Fuels Fashion?, a pontuação média geral das marcas no Índice Global de Transparência da Moda foi de 18%. Trinta e duas (13%) das 250 obtiveram uma classificação de 0%, incluindo Aeropostale, Billabong, DKNY, Forever 21, Quicksilver, Reebok, Roxy e Tom Ford.

As que tiveram as maiores pontuações foram: Puma (75%), Gucci (74%), H&M (61%), Champion (58%), Hanes (58%), Calzedonia (52%), Intimissimi (52%), Tezenis (52%), Decathlon (51%), ASICS (50%), lululemon (50%), Hermès (49%) e Adidas (49%).