Nos EUA, flor está ameaçada por mineração de lítio para baterias

Espécie nativa de cordilheira desértica tem uma população remanescente estimada em cerca de 16 mil exemplares no estado de Nevada, nos Estados Unidos
A flor Eriogonum tiehmii está ameaçada de extinção no único lugar em que existe no planeta: o estado de Nevada, nos Estados Unidos. O alerta foi confirmado pelo serviço de Pesca e Vida Selvagem norte-americano nesta quarta-feira (14).
A planta silvestre ocorre em uma alta cordilheira desértica onde uma mina de lítio está planejada para atender à crescente demanda por baterias de carros elétricos, segundo a agência Associated Press (AP).
O serviço de Pesca e Vida Selvagem listou a flor sob a Lei de Espécies Ameaçadas. Em postagem no Facebook, a agência disse que a planta sofre com mudanças climáticas, mineração, desenvolvimento de estradas, pastoreio de gado, pequeno tamanho de sua população, pequenos roedores predadores e ainda com a competição com espécies de plantas invasoras não nativas.
As folhas da E. tiehmii, de acordo com a publicação, são cinza-azuladas e suas flores surgem de maio a junho com um tom amarelo pálido, ficando vermelhas com o passar do tempo.
Para ajudar em sua conservação, o serviço de Pesca e Vida Selvagem designou 368 hectares (3,68 km²) de habitat crítico em terras administradas pelo Bureau of Land Management em uma área no condado de Esmeralda.
A agência norte-americana disse que usou a melhor ciência disponível para designar o habitat crítico, que contém “características físicas e biológicas essenciais para a conservação desta espécie nativa de Nevada, incluindo áreas abertas com vegetação esparsa, solo adequado e habitat conectado o ano todo para polinizadores”.
“Estamos ansiosos para trabalhar com nossos parceiros neste esforço de conservação para proteger esta planta rara e seu habitat”, declarou Martha Williams, diretora do serviço norte-americano, em comunicado.
A flor de 15 centímetros de altura tem uma população remanescente estimada em cerca de 16 mil plantas. A looner, empresa australiana que planeja há anos cavar o habitat em busca de lítio, diz que desenvolveu um plano de proteção que permitiria a coexistência da mineração com os esforços de conservar a espécie.
Patrick Donnelly, diretor da Grande Bacia do Centro de Diversidade Biológica, que solicitou a listagem em 2019 e tomou ações legais para proteger a espécie, disse que o mais recente plano da empresa para a primeira fase da mina propõe evitar atuar em uma “pequena ilha de terra” contendo 75% da população da planta.
O Bureau of Land Management está revisando os impactos das últimas operações e planos de proteção da Ioneer. Mas Donnelley cita a estimativa do Serviço de Pesca e Vida Selvagem de que o cenário proposto “perturbaria e removeria até 38% do habitat crítico para esta espécie, impactando as populações de polinizadores, alterando a hidrologia, removendo o solo e arriscando subsidência”.
Os conservacionistas que entraram com processos para proteger a planta insistem que o plano da Ioneer não passará pela avaliação legal. Eles se comprometem a retomar a batalha judicial, se necessário, para proteger o habitat da espécie.